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Roda do ano: onde se encaixa a festa junina no calendário pagão?
As festas juninas encantam por sua mistura de cores, fogueiras e alegria popular. No entanto, por trás das quadrilhas e comidas típicas, pulsa uma energia mais antiga, conectada aos ciclos solares da Terra. Dentro da Roda do Ano — o calendário pagão que celebra as estações e os ciclos de luz e sombra — as festas juninas se alinham com dois sabbats importantes: Litha, no hemisfério norte, e Yule, no hemisfério sul.
O que é a Roda do Ano?
A Roda do Ano representa um ciclo anual de celebrações ligados aos solstícios, equinócios e pontos intermediários. Originária de tradições celtas e neopagãs, essa roda marca oito festivais conhecidos como sabbats. Cada um homenageia uma fase do ciclo solar e da vida na Terra. Com isso, a espiritualidade se entrelaça com a natureza, ajudando a humanidade a se reconectar com os ritmos naturais do planeta.
Festa junina e Litha: o ápice da luz no norte
No hemisfério norte, junho celebra o sabbat Litha, o solstício de verão. É o momento em que o Sol atinge seu ponto mais alto no céu, trazendo luz em abundância, vitalidade e expansão. Os rituais de Litha envolvem fogueiras, ervas aromáticas, danças circulares e oferendas à natureza. As festas juninas, que também incluem fogueiras, música, comidas da colheita e rituais de fertilidade, compartilham essa mesma essência. Ambas celebram a alegria da vida e a abundância da terra.
Em Litha, os povos antigos agradeciam pelo calor do Sol e pediam por proteção nas próximas colheitas. Hoje, ao redor das fogueiras de São João, essa energia continua viva, ainda que revestida de símbolos cristãos. A dança ao redor do fogo, os balões subindo ao céu e os ritos de adivinhação amorosa são ecos claros de uma ancestralidade ligada ao sol e à fecundidade.
Festa junina e Yule: o renascimento da luz no sul
No hemisfério sul, junho marca o sabbat Yule, o solstício de inverno. É a noite mais longa do ano, seguida pelo retorno gradual da luz. Em Yule, celebra-se o renascimento do Sol, a esperança, o recolhimento e o calor das conexões humanas. Curiosamente, a festa junina no Brasil ocorre exatamente nesse momento. Enquanto no norte ela reflete o auge da luz, no sul ela carrega o simbolismo do fogo como renascimento e proteção.
As fogueiras juninas no sul têm, portanto, um significado ainda mais profundo: elas não apenas celebram, mas também protegem. Iluminam a escuridão do inverno, acolhem a comunidade e mantêm a chama interior acesa. Os alimentos quentes e o espírito de partilha que marcam os festejos ecoam os mesmos princípios de Yule — tempo de introspecção, união e renovação da alma.
Uma celebração que atravessa os tempos
Quando se observa a festa junina à luz da Roda do Ano, percebe-se que ela não é apenas um evento popular. Ela integra um fluxo cíclico, carregado de sabedoria ancestral. Nos dois hemisférios, junho marca pontos de virada — seja no ápice da luz ou no seu renascimento. E o que une todas essas celebrações é a presença do fogo, das colheitas e do desejo humano de se alinhar à Terra e ao céu.
Celebrar a festa junina, portanto, é mais do que dançar quadrilha ou comer pamonha. É viver um sabbat camuflado, que fala de prosperidade, cura, renovação e conexão com o sagrado. Quando reconhecemos essas camadas mais sutis, damos novo sentido aos festejos e nos colocamos novamente em sintonia com os grandes ciclos da vida.
FAQ sobre Roda do ano e as festas juninas
O que é a Roda do Ano?
É um calendário ancestral composto por oito festivais sazonais que celebram os ciclos solares e as estações.
Qual sabbat corresponde à festa junina no hemisfério norte?
Litha, o sabbat do solstício de verão, celebra o ápice da luz e da fertilidade.
E no hemisfério sul, qual sabbat coincide com a festa junina?
Yule, o solstício de inverno, representa o renascimento da luz e o recolhimento espiritual.
As festas juninas têm origem pagã?
Elas possuem raízes pagãs, agrícolas e solares, que foram adaptadas ao cristianismo popular ao longo dos séculos.
Como posso celebrar a festa junina de forma mais espiritual?
Você pode acender velas ou fogueiras com intenção, agradecer pela colheita interior e conectar-se aos ciclos da natureza.
Rogério Victorino
Jornalista especializado em entretenimento. Adora filmes, séries, decora diálogos, faz imitações e curte trilhas sonoras. Se arriscou pelo turismo, estilo de vida e gastronomia.
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