Espiritualidade coreana: reencarnação, crenças ancestrais e suas histórias na cultura pop

Descubra como a espiritualidade coreana combina reencarnação, xamanismo e religiões modernas em produções audiovisuais fascinantes.
Espiritualidade coreana: reencarnação, crenças ancestrais e suas histórias na cultura pop
Foto: Era Sideral / Direitos Reservados

A frase “Você salvou um país na outra vida?”, comum em produções coreanas, reflete uma crença profunda na reencarnação. Segundo essa visão espiritual, a boa sorte no presente é uma recompensa por ações virtuosas em vidas passadas.

No entanto, essa crença é apenas um dos muitos aspectos que compõem a rica vida espiritual da Coreia. O país possui uma história marcada por invasões, sucessões dinásticas frequentemente violentas, períodos de divisão e unificação. Sua espiritualidade combina elementos do xamanismo, budismo, confucionismo, taoismo e, mais recentemente, cristianismo.

No início: os espíritos da natureza

O xamanismo, crença mais antiga na Coreia, destaca a presença de milhares de entidades espirituais que habitam a natureza, desde rios e árvores até corpos celestes.

Nesse sistema espiritual, a mudang, ou xamã, atua como intermediária entre o mundo dos vivos e o reino dos espíritos e dos mortos. A maioria das xamãs são mulheres, embora também existam homens conhecidos como paksu. Elas exercem papéis importantes, como realizar rituais de cura, garantir transições seguras entre a vida e a morte e solucionar conflitos espirituais.

Essas figuras, ricas em simbolismo e tradição, aparecem frequentemente em séries coreanas, ajudando personagens a enfrentar desafios e redescobrir seus caminhos.

A chegada das religiões estruturadas

No ano 372, o budismo chegou à Coreia vindo da China, trazendo consigo a ideia do ciclo de reencarnações. Essa religião foi rapidamente adotada pela classe dominante, que apreciava sua hierarquia semelhante ao sistema monárquico, onde o rei era a autoridade suprema. Após a unificação da península pela dinastia Silla, em 668, o budismo floresceu como religião estatal.

Entretanto, em 1392, Yi Song-gye fundou a dinastia Choson após um golpe de estado, substituindo o budismo pelo confucionismo como ideologia oficial. Essa filosofia, baseada em preceitos morais e éticos, já influenciava profundamente as estruturas governamentais, incluindo os exames para o serviço público. O respeito aos ancestrais e aos pais, característica central da cultura coreana, tem suas raízes no confucionismo.

Já no século XVII, o catolicismo chegou à Coreia, crescendo apesar da forte perseguição estatal contra religiões estrangeiras. A introdução do cristianismo trouxe elementos da cultura ocidental, mas, como em outros sistemas religiosos, foi adaptado às tradições locais. Assim, ele se integrou às crenças já existentes, criando um rico mosaico espiritual.

Deuses, reencarnação e vida após a morte na tela

Nas produções audiovisuais coreanas, essas crenças se traduzem em histórias que exploram temas como destino, escolhas, tempo e redenção. Além disso, as narrativas frequentemente incluem o romantismo de um amor tão poderoso que resiste à passagem de séculos, reaparecendo na vida moderna, mesmo em um mundo dominado pelas redes sociais.

Essas histórias, profundamente enraizadas na espiritualidade coreana, conectam tradições milenares com os desafios do presente, demonstrando como a fé e a cultura podem influenciar as narrativas que tanto cativam o público global.

Ederli Fortunato

Tradutora, revisora e produtora de conteúdos publicados nas revistas Herói, Starlog Brasil, Sci Fi News, SET e Preview, nos portais Herói, Omelete, Freakpop, Jornal 140 e CriCríticos. Tradutora da primeira edição de Caçadores de Sonhos, de Neil Gaiman, da versão em mangá de Star Wars, Rosario+Vampire, Um Cadáver no Rio Imjin e vários outros títulos. Leitora de uma pilha interminável de livros.

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