Fé e Fúria: documentário escancara a intolerância religiosa nas periferias brasileiras

Fé e Fúria denuncia a intolerância religiosa contra religiões de matriz africana nas periferias do Brasil, com coragem e urgência.
Fé e Fúria: documentário escancara a intolerância religiosa nas periferias brasileiras
Foto: Divulgação / Embaúba Filmes

O documentário Fé e Fúria joga luz sobre a intolerância religiosa vivida nas favelas e subúrbios do Rio de Janeiro e de Belo Horizonte. O filme, dirigido por Marcos Pimentel, mostra que o Brasil laico e plural, muitas vezes exaltado em discursos oficiais, esconde uma realidade dura e excludente. O país que se orgulha de receber culturas e religiões de todos os cantos do mundo ainda não aprendeu a respeitar suas próprias raízes africanas.

Retrato necessário do Brasil atual

Mais do que um documentário, Fé e Fúria se apresenta como um manifesto urgente. Lançado em um momento em que o discurso religioso influencia diretamente decisões políticas e sociais, o longa evidencia um conflito cada vez mais visível entre a fé e o preconceito. O crescimento da influência evangélica na política nacional tem provocado tensões, cortes de verba em setores essenciais e manipulações em nome da fé. Em muitos casos, líderes religiosos disseminam desinformação e intolerância com o aval do poder político.

Quando a fé vira instrumento de exclusão

O documentário mostra que a intolerância não se limita a opiniões ou palavras ofensivas. Ela se manifesta em agressões físicas, expulsões de terreiros, destruições de espaços sagrados e controle armado de territórios. Exemplo marcante é o caso de Kayllane, menina atacada com uma pedrada por usar trajes do candomblé. Pimentel deixa claro que, por trás desses episódios, existe uma articulação entre traficantes evangélicos, milicianos, forças de segurança e políticos que usam a religião como ferramenta de poder e opressão.

Escolha dos territórios não foi por acaso

Fé e Fúria foca nas regiões periféricas porque ali a intolerância religiosa se torna mais visível e violenta. As imagens foram captadas entre setembro de 2016 e julho de 2018, quando o discurso de ódio ainda não era institucionalizado. Mesmo assim, os sinais já estavam presentes. Segundo o diretor, filmar os agressores é praticamente impossível, já que não permitem ser registrados. Por isso, o filme dá voz às vítimas, que relatam com coragem o que viveram.

Documentário comprometido com a verdade

A equipe ouviu todos os lados envolvidos no conflito, mas assumiu desde o início sua posição contra a intolerância e em defesa das religiões de matriz africana. O respeito pela verdade dos depoimentos guiou cada decisão. Os relatos captados revelam um Brasil em transformação, onde o avanço do fundamentalismo religioso ameaça o direito à diversidade. A montagem final apresenta um país mergulhado em racismo, fascismo, armas e desigualdade, tudo justificado com passagens bíblicas manipuladas.

Produzido pela Tempero Filmes e distribuído pela Embaúba Filmes, Fé e Fúria está disponível nas principais plataformas digitais faz um tempo. Assistir ao documentário é mais do que uma dica, é um ato de consciência. Ele revela um Brasil que muitos insistem em ignorar, mas que grita por respeito, justiça e liberdade religiosa.

FAQ sobre Fé e Fúria

Sobre o que fala o documentário Fé e Fúria?
Ele aborda a intolerância religiosa sofrida por religiões de matriz africana nas periferias do Brasil.

Quem dirigiu o documentário?
O diretor é Marcos Pimentel, mineiro comprometido com temas sociais e urgentes.

Por que o filme foca nas periferias do Rio e de BH?
Porque ali os casos de intolerância religiosa são mais escancarados e frequentes.

O documentário ouviu os dois lados do conflito?
Sim, mas deixou clara sua posição contra a intolerância e em defesa da liberdade religiosa.

Onde assistir Fé e Fúria?
O documentário está disponível nas principais plataformas digitais, com distribuição da Embaúba Filmes.

Rogério Victorino

Jornalista especializado em entretenimento. Adora filmes, séries, decora diálogos, faz imitações e curte trilhas sonoras. Se arriscou pelo turismo, estilo de vida e gastronomia.

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