5 documentários essenciais sobre religiões de matriz africana que mostram fé e resistência

Conheça 5 documentários que revelam a riqueza, a resistência e a força das religiões de matriz africana no Brasil de ontem e de hoje.
5 documentários essenciais sobre religiões de matriz africana que mostram fé e resistência
Foto: Fé e Fúria (2022) / Divulgação / Embaúba Filmes

As religiões de matriz africana fazem parte das raízes mais profundas da cultura brasileira. Apesar de sua riqueza simbólica, espiritual e histórica, essas tradições enfrentam há séculos o preconceito e a intolerância religiosa. Por isso, filmes e documentários que retratam essas práticas ganham ainda mais relevância. Eles não apenas ampliam o debate, como também preservam a memória e valorizam os saberes ancestrais. A seguir, conheça cinco produções que iluminam o universo das religiões afro-brasileiras com respeito, sensibilidade e coragem.

Axé: Canto do Povo de um Lugar (2016)

Dirigido por Chico Kertész, este documentário celebra a musicalidade das religiões de matriz africana e sua influência direta na formação do axé music. Por meio de entrevistas com artistas, religiosos e estudiosos, o filme traça um paralelo entre fé e cultura popular, mostrando como os terreiros inspiraram ritmos, letras e expressões que conquistaram o Brasil e o mundo. Mais do que uma homenagem, Axé é um ato de valorização e reconhecimento das raízes negras da música nacional.

Magia e Poder: Fronteiras Entre o Sagrado e o Profano (2019)

Com imagens captadas pela antropóloga Yvonne Maggie e pelo fotógrafo Luiz Alphonsus nas décadas de 1970 e 1980, o documentário exibe festas, cerimônias e momentos cotidianos de casas de axé no Rio de Janeiro. A produção, organizada pelo CPDOC da Fundação Getúlio Vargas, oferece um registro único de um período histórico importante, além de um olhar antropológico respeitoso sobre a espiritualidade afro-brasileira.

Nosso Sagrado (2019)

Este documentário denuncia a violência institucional que atingiu terreiros durante o século XX, quando autoridades policiais apreenderam mais de 500 objetos sagrados usados em rituais de religiões afro-brasileiras. Os itens foram parar em museus públicos e, por décadas, permaneceram fora do alcance das comunidades de origem. Nosso Sagrado acompanha a luta por reparação e devolução desses objetos, ao mesmo tempo em que convida o público a refletir sobre racismo religioso e patrimônio cultural.

Fé e Fúria (2022)

Dirigido por Marcos Pimentel, o documentário retrata a crescente intolerância religiosa contra praticantes de religiões de matriz africana em favelas e periferias do Rio de Janeiro e de Belo Horizonte. Com depoimentos de vítimas, líderes religiosos e até de traficantes evangélicos convertidos, o filme escancara uma realidade marcada por ameaças, expulsões e apagamento simbólico. Fé e Fúria revela como o avanço do fundamentalismo religioso se cruza com dinâmicas de poder nos territórios urbanos.

Exu e o Universo (2022)

Dirigido por Thiago Zanato, o documentário acompanha o artista Ayrson Heráclito em uma jornada de reconexão com Exu, orixá muitas vezes associado erroneamente ao mal. O filme aborda a desinformação, o preconceito e a demonização das religiões de matriz africana, traçando um caminho espiritual e político pelo Brasil e pela África. Com imagens potentes e reflexões profundas, o documentário ajuda a desconstruir estigmas e a mostrar a força simbólica e espiritual de Exu no candomblé e na umbanda.

Esses filmes e documentários revelam que, mesmo diante da intolerância e do preconceito, as religiões de matriz africana seguem vivas, fortes e profundamente conectadas à identidade brasileira. Em um país constitucionalmente laico, resta a nós a prática da tolerância e respeito à diversidade religiosa.

Rogério Victorino

Jornalista especializado em entretenimento. Adora filmes, séries, decora diálogos, faz imitações e curte trilhas sonoras. Se arriscou pelo turismo, estilo de vida e gastronomia.

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