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3 Obás de Xangô: documentário fala de cultura, candomblé e racismo religioso
O documentário 3 Obás de Xangô, dirigido por Sérgio Machado, pode facilmente passar despercebido pelo público brasileiro, justamente por tocar em um ponto incômodo: o racismo religioso que ainda estrutura nossa sociedade.
Essa mesma ferida já havia sido abordada em outros filmes, como Fé e Fúria (2019), mas aqui a narrativa ganha um peso particular pelo resgate de imagens históricas de grande valor, que reforçam o impacto do tema.
O longa também dialoga com Apocalipse nos Trópicos, de Petra Costa, ao ampliar o olhar sobre a intolerância e os conflitos em torno da fé no Brasil, um país constitucionalmente laico, mas na prática dominado pela lógica cristã.
Resistência à perseguição religiosa
Em 3 Obás de Xangô, Sérgio Machado acompanha a amizade e a herança cultural de três nomes fundamentais da Bahia e do Brasil: Jorge Amado, Dorival Caymmi e Carybé. Todos eles tinham laços estreitos com o candomblé, em especial com o terreiro Ilê Axé Opô Afonjá, considerado um dos mais importantes do estado.
Esses três artistas, que também eram obás – ministros do candomblé –, atuaram como defensores da religião em tempos de repressão política e perseguição religiosa, quando terreiros eram fechados e práticas eram criminalizadas. O documentário traz à tona relatos e registros visuais que revelam tanto a resistência quanto a riqueza simbólica dessa tradição.
Por fim, além de discutir o enfrentamento ao racismo religioso, o filme ainda oferece um mergulho na trajetória e na personalidade de Jorge Amado, Caymmi e Carybé, apresentando-os em sua dimensão artística e humana. Estreia em 4/9/25, distribuído nos cinemas brasileiros pela Gullane+.
FAQ sobre o documentário 3 Obás de Xangô
Sobre o que trata 3 Obás de Xangô?
O documentário acompanha a amizade e o legado cultural de Jorge Amado, Dorival Caymmi e Carybé e sua relação com o candomblé, usando imagens históricas para discutir racismo religioso no Brasil.
Quem são os três obás do título?
Jorge Amado, Dorival Caymmi e Carybé, artistas centrais da cultura baiana e brasileira, reconhecidos como obás, ministros que defenderam o candomblé em períodos de perseguição.
Por que o filme é relevante hoje?
Porque evidencia como a intolerância e o racismo religioso permanecem estruturais. Pois ao recuperar registros de décadas atrás, o filme ajuda a compreender o presente e a valorizar a diversidade religiosa.
Qual é o papel do Ilê Axé Opô Afonjá no documentário?
O terreiro é um eixo da narrativa, mostrando a ligação dos três artistas com o candomblé e a importância do espaço para a memória, a resistência e a preservação de tradições afro-brasileiras.
O filme dialoga com outras obras sobre o tema?
Sim. Ele conversa com títulos que investigam intolerância e política religiosa no país, ampliando, assim, o debate por meio de arquivos raros e depoimentos que contextualizam o passado e o presente.
Rogério Victorino
Jornalista especializado em entretenimento. Adora filmes, séries, decora diálogos, faz imitações e curte trilhas sonoras. Se arriscou pelo turismo, estilo de vida e gastronomia.
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