Mulheres negras e trabalho escravo: uma realidade alarmante no Brasil

Mais de 2.700 mulheres foram resgatadas do trabalho escravo no Brasil desde 2003. A maioria é negra e vive em extrema vulnerabilidade.
Mulheres negras e trabalho escravo: uma realidade alarmante no Brasil
Foto: Era Sideral / Direitos Reservados

No Dia Internacional da Mulher, a realidade de muitas trabalhadoras no Brasil expõe um cenário de exploração e desigualdade. O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) aponta que, entre 2003 e 2023, 2.730 mulheres foram resgatadas do trabalho escravo no país. Dessas, 70% são negras, revelando um padrão de vulnerabilidade social e econômica.

Com a matéria da jornalista Gil Alessi, da Repórter Brasil, que traz o levantamento feito pelo Projeto Perfil Resgatado como base das informações, entregamos os dados desta matéria.

Perfil das vítimas

A maioria das mulheres resgatadas tem baixa escolaridade: 66% estudaram apenas até o ensino fundamental e 16% são analfabetas. Além disso, sete em cada dez vítimas são negras (pretas e pardas), o que reforça a ligação entre racismo estrutural e exploração trabalhista.

Minas Gerais lidera o número de resgates, com 510 mulheres retiradas do trabalho escravo. Em seguida, estão Pará (419) e São Paulo (229).

Setores de exploração

Os setores com maior incidência de trabalho escravo feminino incluem:

  • Pecuária: 450 resgates
  • Lavouras diversas: 446 resgates
  • Trabalho doméstico: embora represente apenas 3% dos casos, chama atenção pela severidade. Muitas vítimas são idosas que trabalharam por décadas sem salário, descanso ou contato com o mundo externo.

O impacto da crise econômica

A crise econômica dos últimos anos agravou a vulnerabilidade das mulheres negras ao trabalho escravo. O aumento da pobreza, a falta de oportunidades formais e a informalidade crescente criaram condições ideais para a exploração. Desde 2021, a participação das mulheres no total de resgatados subiu para 8%, acima da média histórica de 6%.

Como denunciar

O combate ao trabalho escravo depende da atuação da sociedade. Denúncias anônimas podem ser feitas pelos seguintes canais:

  • Disque 100: serviço da Secretaria de Direitos Humanos
  • Ministério Público do Trabalho: fiscalização da legislação trabalhista
  • Tribunais Regionais do Trabalho (TRT): denúncias por e-mail, telefone ou formulário online
  • Grupo Especial de Fiscalização Móvel (GEFM): combate ao trabalho escravo em todo o território nacional

A luta contra a exploração exige vigilância e ação coletiva. Denunciar é essencial para garantir justiça e direitos às mulheres vítimas dessa realidade cruel.

Ton Rodrigues

Estudante de jornalismo, pai de 3 crianças e pintor amador nas horas vagas. Leitor voraz e apaixonado pela música, mas nunca correspondido. Nascido em terreiro de Umbanda, estudioso do Candomblé.

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