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Corrupção no INSS: entenda a fraude que atravessou governos e atingiu milhões de aposentados
Na última semana de abril de 2025, a Controladoria-Geral da União (CGU) e a Polícia Federal deflagraram a Operação Sem Desconto, revelando uma fraude bilionária que atingiu aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Segundo a apuração oficial, entre 2019 e 2024 foram realizados descontos indevidos em benefícios previdenciários, totalizando um prejuízo estimado em R$ 6,3 bilhões.
O esquema se estendeu por três gestões presidenciais e só passou a ser investigado formalmente no governo atual, após alertas emitidos pela CGU em 2023. Ainda assim, figuras políticas e campanhas desinformativas têm tentado atribuir toda a responsabilidade à administração vigente, ignorando a cronologia dos fatos.
Como funcionava a fraude
A fraude operava por meio de Acordos de Cooperação Técnica (ACTs) firmados entre o INSS e entidades privadas, como associações e sindicatos. Esses acordos permitiam a realização de descontos diretos na folha de pagamento dos beneficiários, sob a justificativa de contribuição associativa.
Contudo, investigações revelaram que a maioria dos aposentados nunca autorizou tais descontos. Em muitos casos, as vítimas sequer sabiam que estavam vinculadas a alguma entidade. De acordo com a CGU, mais de 1 milhão de pedidos de cancelamento de descontos foram registrados apenas entre janeiro de 2023 e maio de 2024. O valor apurado nesse período ultrapassa R$ 45,5 milhões — parte de um prejuízo muito maior acumulado ao longo dos anos anteriores.
Linha do tempo da fraude
2016 a 2018 – Governo Michel Temer
- Formalização dos primeiros ACTs com entidades de classe.
- Início dos descontos em folha, sem mecanismos robustos de controle.
2019 a 2022 – Governo Jair Bolsonaro
- Expansão dos ACTs e intensificação dos descontos.
- Crescimento no número de reclamações por parte dos beneficiários.
- Ausência de medidas de investigação ou correção.
2023 – Início do Governo Lula
- CGU passa a emitir alertas internos sobre irregularidades nos ACTs.
- O INSS mantém os acordos ativos.
Abril de 2025 – Governo Lula
- Deflagração da Operação Sem Desconto pela Polícia Federal.
- Afastamento do presidente do INSS, Alessandro Stefanutto.
- Suspensão imediata de todos os ACTs.
- Anúncio da devolução dos valores indevidamente cobrados.
Medidas adotadas
Após a operação, o Ministério da Previdência determinou:
- A suspensão imediata de todos os ACTs em vigor.
- A interrupção dos descontos não autorizados.
- A devolução dos valores cobrados de forma indevida, programada para a folha de pagamento seguinte.
As investigações continuam e podem resultar em responsabilizações administrativas, civis e criminais de dirigentes e entidades envolvidas.
A responsabilidade é institucional, não partidária
Embora a operação tenha sido deflagrada durante o governo atual, a fraude teve início em gestões anteriores e perdurou por vários anos. A CGU já havia emitido alertas internos sobre os riscos associados aos ACTs em 2023, mas apenas em 2025 medidas concretas foram tomadas.
Tentar transferir toda a responsabilidade para a administração vigente desconsidera o contexto histórico e representa uma leitura distorcida de um caso institucional complexo. O uso prolongado de mecanismos sem fiscalização adequada ocorreu ao longo de diferentes governos.
Alerta sobre fake news e desinformação
Com a repercussão da operação, diversos agentes políticos passaram a divulgar informações distorcidas ou inverídicas sobre o caso, utilizando redes sociais e veículos de comunicação para atribuir responsabilidade exclusiva à gestão atual.
No entanto, a apuração demonstrou que:
- A fraude começou antes de 2019 e se manteve por anos.
- Os maiores prejuízos ocorreram durante gestões anteriores.
- A investigação foi iniciada na atual administração, após alertas internos da CGU.
Esse tipo de narrativa descolada dos fatos contribui para a desinformação do público e compromete a responsabilização adequada dos envolvidos. O debate público precisa estar baseado em evidências, e não em interesses partidários.
Fraude no INSS
A fraude no INSS revela falhas graves e estruturais na fiscalização da Previdência Social. O impacto direto sobre aposentados e pensionistas — um dos segmentos mais vulneráveis da população — reforça a necessidade de medidas firmes de transparência, controle e responsabilização.
FAQ – Fraude no INSS
Quem iniciou o esquema de descontos indevidos no INSS?
O esquema teve início entre 2016 e 2018, durante o governo Michel Temer, com os primeiros Acordos de Cooperação Técnica com entidades privadas.
Durante quais governos a fraude se manteve?
A prática foi mantida durante os governos de Michel Temer, Jair Bolsonaro e nos primeiros anos do governo Lula.
Quando a investigação começou?
Os primeiros alertas formais foram emitidos pela CGU em 2023. A investigação oficial começou em abril de 2025.
O governo atual tem responsabilidade sobre a fraude?
A maior parte da fraude ocorreu antes da gestão atual. Entretanto, os acordos ainda estavam ativos em 2023. A investigação e as medidas corretivas foram tomadas apenas em 2025.
Os aposentados vão receber o dinheiro de volta?
Sim. O Ministério da Previdência confirmou que os valores indevidos serão devolvidos diretamente na folha de pagamento.
Quais entidades estão sendo investigadas?
Diversos sindicatos e associações. Algumas têm ligação com figuras públicas, mas os nomes específicos permanecem sob sigilo judicial.
Quais crimes estão sendo apurados?
Estelionato, falsidade ideológica, associação criminosa e responsabilidade administrativa por omissão.
Como os aposentados podem saber se foram afetados?
Consultando o extrato de pagamento no site ou aplicativo Meu INSS. Descontos não reconhecidos podem ser contestados e solicitada a devolução.
Fontes e referências
- CNN Brasil – “INSS já havia identificado mais de R$ 45 milhões em descontos indevidos“
- CNN Brasil – “PF: direção do INSS ignorou alertas e manteve descontos em aposentadorias“
- G1 – “Fraude no INSS: aposentados tiveram descontos sem autorização, diz CGU“
- O Globo – “INSS descobre descontos indevidos bilionários em aposentadorias“
- CGU – “Aposentados e pensionistas tiveram quase R$ 6,3 bi em descontos sem autorização“
- INSS – “Acordos de cooperação são suspensos e descontos serão devolvidos aos beneficiários“
- Wikipédia – “Fraude no INSS“
Redação Sideral
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