O silêncio do mar: pesca do tubarão-azul expõe ameaça à vida marinha

Liberação da pesca do tubarão-azul expõe crise ambiental e ameaça a resiliência dos oceanos e os compromissos internacionais do Brasil.
O silêncio do mar: pesca do tubarão-azul expõe ameaça à vida marinha
Foto: Canva

Por décadas, os tubarões sustentam o equilíbrio dos oceanos. Como predadores de topo, controlam populações, mantêm redes alimentares e preservam a saúde dos ecossistemas marinhos. Ainda assim, esses animais enfrentam uma pressão crescente, provocada principalmente pela pesca industrial, que os transforma em alvo de mercados globais pouco regulados.

A cada ano, mais de 100 milhões de tubarões são mortos no mundo, número que supera amplamente a capacidade natural de regeneração dessas espécies. Em maio de 2025, o governo brasileiro aprovou a pesca direcionada do tubarão-azul (Prionace glauca), medida que rompe com o regime anterior, que permitia apenas a captura incidental — quando o animal é fisgado por acidente.

Essa liberação causou reações imediatas entre ambientalistas, cientistas e até servidores do próprio Ibama. Todos alertam para os impactos da medida sobre a biodiversidade marinha e para os danos à imagem internacional do Brasil em temas de conservação.

Pesquisadores que estudam elasmobrânquios (tubarões e raias) há décadas apontam sinais claros de declínio populacional do tubarão-azul em diversas regiões do Atlântico Sul. Eles associam esse quadro à má gestão da pesca predatória no país, onde espécies ameaçadas continuam sendo capturadas em grande escala, muitas vezes com conivência institucional.

O problema, portanto, vai além de uma espécie: revela um sistema falho, que ignora os limites naturais e desconsidera evidências científicas.

Enquanto cientistas alertam e a sociedade civil reage, o mar permanece em silêncio. No entanto, ele já demonstra sinais de colapso. Decisões como essa fragilizam políticas públicas, desrespeitam dados técnicos e ameaçam a resiliência dos oceanos. Em vez de fortalecer uma gestão sustentável e integrada dos recursos marinhos, o país retrocede, abandonando compromissos internacionais e os próprios princípios da conservação ambiental

Em suma, nesse silêncio imposto pela negligência humana, resta a pergunta: quem ouve o grito submerso das espécies que desaparecem diante dos nossos olhos?

FAQ sobre pesca do tubarão-azul

O que é o tubarão-azul e por que ele é importante?
O tubarão-azul é um predador de topo que regula populações marinhas e mantém o equilíbrio dos ecossistemas oceânicos.

O que mudou com a liberação da pesca do tubarão-azul?
O governo brasileiro passou a permitir a pesca direcionada da espécie, antes protegida e sujeita apenas à captura incidental.

Por que a medida preocupa ambientalistas e cientistas?
Porque a população do tubarão-azul já apresenta sinais de declínio e a pesca intensiva pode agravar esse cenário.

Qual é o impacto dessa decisão sobre os oceanos?
A decisão ameaça o equilíbrio ecológico marinho e compromete os esforços de conservação ambiental do país.

Como o Brasil afeta sua imagem internacional com essa medida?
Ao liberar a pesca de uma espécie ameaçada, o país enfraquece seus compromissos com acordos ambientais globais.

Filipe Menks

Estudante de Oceanografia da Universidade Federal do Maranhão, escrevendo por aqui sobre humanidade, meio ambiente e afins.

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4 comentários para “O silêncio do mar: pesca do tubarão-azul expõe ameaça à vida marinha

  1. Christiane Viegas disse:

    Um alerta a todos!

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