Como a poluição luminosa ameaça a sobrevivência das tartarugas marinhas

Poluição luminosa ameaça tartarugas marinhas no Brasil ao desorientar filhotes e afastar fêmeas das praias durante o período de desova.
Como a poluição luminosa ameaça a sobrevivência das tartarugas marinhas
Foto: Canva

A urbanização acelerada e o avanço da atividade industrial têm afetado profundamente os ecossistemas naturais. No Brasil, esse impacto se torna ainda mais evidente nas áreas costeiras, onde a ocupação desordenada compromete o equilíbrio ambiental e ameaça espécies essenciais. Entre os animais mais prejudicados estão as tartarugas marinhas, que dependem das praias para garantir sua reprodução.

Um dos maiores problemas causados pela presença humana no litoral é a poluição luminosa. A luz artificial excessiva interfere diretamente no comportamento das tartarugas fêmeas e, principalmente, dos filhotes durante a desova. Esse desequilíbrio coloca em risco a continuidade de espécies já ameaçadas de extinção.

Urbanização descontrolada

Das sete espécies de tartarugas marinhas existentes no mundo, cinco utilizam o litoral brasileiro como área de desova: a tartaruga-verde (Chelonia mydas), a tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta), a tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea), a tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata) e a tartaruga-oliva (Lepidochelys olivacea). O Brasil figura como uma das principais zonas de reprodução do Atlântico Sul, mas o avanço descontrolado da urbanização tem dificultado cada vez mais esse processo vital.

Depois de um período de incubação que varia entre 45 e 60 dias, os filhotes rompem os ovos e se orientam pelo brilho natural do horizonte para alcançar o mar. Contudo, a iluminação artificial intensa nas praias confunde esses recém-nascidos, fazendo com que sigam na direção oposta, em direção ao continente. Muitos acabam mortos por atropelamento, desidratação ou ataques de predadores, como cães e raposas. Além disso, a luz pode afastar as fêmeas das praias, dificultando a desova em locais apropriados.

Leis de proteção

Para conter esse problema, leis específicas foram criadas no Brasil. A Portaria nº 11/1995 e a Lei nº 7034/1997, por exemplo, proíbem o uso de luzes com intensidade superior a zero lux no litoral norte da Bahia. Já a Resolução CONAMA nº 10/1996 determina que empreendimentos em praias com ocorrência de tartarugas passem por avaliação do Centro TAMAR/IBAMA.

Além do suporte legal, vários projetos ambientais atuam na proteção das tartarugas. O Projeto Tamar é o mais conhecido, com ações de monitoramento de ninhos, pesquisa científica e educação ambiental. No Nordeste, iniciativas como o Projeto Tartarugas do Delta e o Projeto QUEAMAR desenvolvem ações diretas de conservação.

Monitoramento e conscientização

Outros trabalhos fundamentais também se destacam, como o do Projeto Cetáceos da Costa Branca, da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), e o Instituto Verdeluz, que promove atividades de monitoramento e conscientização no Ceará.

Reduzir a poluição luminosa, ampliar a educação ambiental e fortalecer esses projetos de conservação são medidas essenciais para garantir a sobrevivência das tartarugas marinhas. Embora a presença humana nas praias seja inevitável, é possível estabelecer uma convivência mais equilibrada e responsável com a natureza.

FAQ sobre poluição luminosa e tartarugas marinhas

Como a poluição luminosa afeta as tartarugas marinhas?
Ela desorienta os filhotes durante o nascimento e pode afastar as fêmeas das praias, dificultando a desova.

Quais espécies de tartarugas marinhas ocorrem no Brasil?
Cinco espécies estão presentes: verde, cabeçuda, de couro, de pente e oliva, todas ameaçadas de extinção.

O que acontece quando os filhotes se desorientam?
Eles seguem para o continente em vez do mar, morrendo atropelados, desidratados ou atacados por predadores.

Quais leis protegem as tartarugas marinhas no Brasil?
Portarias e leis federais controlam a iluminação e exigem avaliação ambiental para obras em áreas de desova.

Quais projetos ajudam na conservação das tartarugas?
Projetos como Tamar, QUEAMAR e Tartarugas do Delta realizam pesquisa, monitoramento e educação ambiental.

Filipe Menks

Estudante de Oceanografia da Universidade Federal do Maranhão, escrevendo por aqui sobre humanidade, meio ambiente e afins.

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