Dia do Pescador: a luta invisível por trás da pesca artesanal no Brasil

O Dia do Pescador celebra a pesca artesanal, a cultura ribeirinha e os desafios enfrentados por quem sustenta famílias com respeito ao mar.
O Dia do Pescador celebra a pesca artesanal, a cultura ribeirinha e os desafios enfrentados por quem sustenta famílias com respeito ao mar.
Foto: Canva

Celebrado em 29 de junho, o Dia do Pescador vai muito além de uma data no calendário. Ele traz à tona as histórias de homens e mulheres que vivem da água, moldam seus dias com o movimento das marés e carregam séculos de sabedoria ancestral. Em especial, a data reconhece os pescadores artesanais — verdadeiros guardiões dos mangues, rios e mares — que sustentam milhares de famílias com trabalho, conhecimento e afeto.

Mesmo com tamanha importância ecológica, social e econômica, essa categoria permanece invisível diante das políticas públicas. Segundo dados do IBGE, mais de 950 mil brasileiros se identificam como pescadores artesanais. No entanto, muitos enfrentam uma realidade de extrema vulnerabilidade.

Falta acesso à aposentadoria, aos serviços de saúde e à educação básica para seus filhos. Em muitos casos, falta até o próprio peixe, cada vez mais escasso por causa da sobrepesca industrial e da degradação ambiental.

Cultura viva

A pesca artesanal representa mais do que uma forma de subsistência. Ela é cultura viva. Os nomes dos peixes, os cantos entoados, as técnicas de navegação, o formato das embarcações e os saberes sobre marés e ventos compõem um rico patrimônio imaterial. Em comunidades costeiras e ribeirinhas, pescar também significa celebrar a espiritualidade, manter tradições e reafirmar o pertencimento a um território.

No entanto, as mudanças climáticas têm intensificado os desafios. O aumento do nível do mar, a frequência maior de tempestades e a perda da biodiversidade afetam diretamente a rotina e a segurança alimentar dessas populações. Além disso, pescadores denunciam os impactos provocados por empreendimentos portuários, turísticos e industriais, que frequentemente transformam seus territórios tradicionais em zonas de conflito e exclusão.

Em suma, com tudo isso, o Dia do Pescador nos convida a refletir sobre quem alimenta o país sem causar colapsos ecológicos. É hora de escutar essas vozes que vêm do mar e dos rios. Pois precisamos valorizar seus saberes, garantir seus direitos e incluir suas demandas nas pautas públicas. Afinal, a humanidade também vive do que o mar oferece — e isso exige respeito, reciprocidade e coragem para preservar.

FAQ sobre o Dia do Pescador e a pesca artesanal no Brasil

O que é celebrado no Dia do Pescador?
A data homenageia especialmente os pescadores artesanais, que preservam tradições e sustentam comunidades ribeirinhas e costeiras.

Quantos pescadores artesanais existem no Brasil?
Mais de 950 mil brasileiros se identificam como pescadores artesanais, segundo dados do IBGE.

Quais os principais desafios enfrentados por esses pescadores?
Falta de políticas públicas, escassez de pescado, degradação ambiental e impactos de grandes empreendimentos são alguns deles.

Por que a pesca artesanal é considerada um patrimônio cultural?
Porque envolve saberes, tradições, espiritualidade e modos de vida passados entre gerações, integrando o patrimônio imaterial brasileiro.

Como as mudanças climáticas afetam as comunidades pesqueiras?
Elas aumentam o nível do mar, reduzem a biodiversidade e dificultam a atividade de pesca, colocando em risco o sustento de muitas famílias.

Filipe Menks

Estudante de Oceanografia da Universidade Federal do Maranhão, escrevendo por aqui sobre humanidade, meio ambiente e afins.

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