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Acesso à internet no Brasil avança, mas desigualdades persistem
O acesso à internet no Brasil aumentou de modo expressivo nas últimas décadas, mas o tipo de conexão, a densidade do uso e a qualidade do acesso ainda variam conforme renda, escolaridade, idade e classe social. A pesquisa TIC Domicílios de 2025 mostra avanços claros, especialmente entre as classes menos favorecidas, e expõe desigualdades estruturais que moldam o uso da rede. A reportagem é da Agência Brasil.
Expansão do acesso e salto histórico
Segundo o levantamento, 86% dos domicílios brasileiros já têm acesso à internet — o maior índice desde o início da série histórica, em 2015. Em números absolutos, isso representa cerca de 157 milhões de usuários, ou até 163 milhões se incluídos os que acessam por apps indiretos.
Entre 2015 e 2025, a proporção de lares das classes D e E com acesso subiu de 15% para 73%. O crescimento expressivo revela que a conectividade alcançou parcelas antes excluídas do mapa digital nacional.
Desigualdades na qualidade e no tipo de conexão
Apesar da expansão, a qualidade do acesso varia conforme renda. A tecnologia por cabo ou fibra óptica domina o acesso à rede (73% dos usuários), mas entre as classes D e E esse percentual cai para 60%. Esse dado já aponta para um fosso na infraestrutura que alcança lares de menor poder aquisitivo.
Nas classes mais favorecidas (A e B), o acesso beira a universalidade. Em classes C a E, organizações apontam que muitas vezes a conexão limita-se a uso por celular — o que implica menor qualidade, restrições de dados, velocidade e uso restrito.
Educação, idade e área de moradia marcam diferenças
A escolaridade exerce papel decisivo: 98% dos brasileiros com ensino superior usam a internet, contra 74% daqueles com apenas o ensino fundamental. A idade também interfere: o acesso supera 90% entre pessoas de 10 a 44 anos, cai para 86% nos de 45 a 59, e atinge cerca de 54% entre aqueles com 60 anos ou mais.
Além disso, a população rural enfrenta barreiras persistentes: entre esses domicílios, o índice de conectividade cai para 77%, bem abaixo da média nacional.
Padrões de uso revelam desigualdades de conteúdo
Quanto ao uso, a pesquisa revela transformações: quase todos os internautas utilizam a rede para comunicação via mensagens instantâneas (92%), vídeo chamadas (81%) e redes sociais (80%). No entanto, o uso decai para streaming de vídeo (71%) e compartilhamento de conteúdo (62%). Esse padrão sugere que o acesso mais limitado ocorre nas camadas sociais com menor renda, formação e infraestrutura.
A adoção de pagamentos digitais mostra expansão: 75% dos usuários já utilizam PIX, apontando consolidação da economia digital. Ainda assim, o benefício tende a se distribuir de modo desigual entre renda e acesso à internet de qualidade.
IA e novas tecnologias: acesso desigual reflete outras desigualdades
A pesquisa também mapeou o uso de inteligência artificial (IA) generativa: 32% dos brasileiros afirmaram utilizá-la. O uso sobe para 59% entre aqueles com ensino superior, mas cai para 16% nas classes mais pobres. A diferença indica que a adoção de novas tecnologias corre em paralelo com desigualdades estruturais.
Mesmo entre os que acessam a rede, muitos enfrentam restrições como pacotes de dados limitados, conexão instável ou dependência exclusiva do celular — limitações que reduzem o real alcance da internet como ferramenta de inclusão.
FAQ sobre acesso à internet e desigualdades no Brasil
O que representa o índice de 86% de domicílios com internet?
Esse índice mostra a proporção de residências que contam com ao menos um tipo de conexão à internet, desse modo, demonstrando avanço na acessibilidade da rede no país.
Por que ainda há desigualdade mesmo com alto acesso?
Porque nem toda conexão oferece infraestrutura adequada: uso via celular, velocidade reduzida ou limitação de dados restringem a qualidade e amplitude do uso, impactando educação, trabalho e acesso à informação.
Como renda e escolaridade influenciam o uso da internet?
Lares com maior renda e pessoas com educação superior tendem a ter acesso fixo, mais estável e utilizam a rede de forma mais diversa. Nas classes e faixas de escolaridade mais baixas, a rede muitas vezes limita-se a funções básicas, com impacto direto no uso produtivo.
O que significa acesso desigual à internet para a sociedade?
Desigualdade de acesso se traduz em desigualdade de oportunidades: quem tem conexão de baixa qualidade enfrenta barreiras para educação, informação, trabalho remoto e inclusão digital — perpetuando desigualdades sociais.
Quais medidas podem reduzir essas disparidades?
Políticas públicas que expandam infraestrutura de banda larga fixa e acessível, programas de inclusão digital com foco em classes vulneráveis, oferta de dados e pacotes justos, e estímulo a alfabetização digital em regiões carentes podem elevar a qualidade e o alcance do acesso à internet.
Rogério Victorino
Jornalista especializado em entretenimento. Adora filmes, séries, decora diálogos, faz imitações e curte trilhas sonoras. Se arriscou pelo turismo, estilo de vida e gastronomia.
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