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Estilo de vida acelera risco cardíaco entre jovens e antecipa doenças antes dos 30
O coração jovem deixou de ser sinônimo de imunidade. Dados recentes mostram que homens e mulheres com menos de 30 anos já acumulam riscos cardiovasculares antes associados à meia-idade. O problema não surge por acaso. Ele nasce, cresce e se consolida no estilo de vida contemporâneo, marcado por sedentarismo, alimentação ultraprocessada, privação de sono e estímulos constantes. Assim, o que antes parecia distante agora bate à porta cedo demais.
Quando o risco muda de faixa etária
Estudos do National Health and Nutrition Examination Survey indicam que 7,3% dos adultos entre 18 e 39 anos já convivem com hipertensão, enquanto 8,8% apresentam colesterol alto. Além disso, quase 27% possuem pressão arterial elevada e mais de 21% exibem níveis limítrofes de colesterol, muitas vezes sem qualquer diagnóstico. Portanto, o risco não apenas existe, como também permanece silencioso.
O cardiologista Aloisio Barbosa da Silva confirma esse deslocamento etário ao observar que quase um em cada quatro jovens apresenta alterações precoces. Segundo ele, esses números refletem uma disfunção metabólica diretamente ligada aos hábitos diários. Dessa forma, o coração envelhece mais rápido do que o calendário sugere.
Hábitos modernos e um coração apressado
A cardiologista Sarah Fagundes Grobe, professora da PUCPR e integrante da Sociedade Brasileira de Cardiologia, aponta que os fatores de risco se espalham entre ambos os sexos. No entanto, eles assumem formas distintas. Nos homens, predominam sedentarismo, consumo excessivo de ultraprocessados, jornadas extensas, uso de estimulantes, álcool em excesso, privação de sono e esteroides anabolizantes. Esse conjunto cria um ambiente hostil ao sistema cardiovascular.
Além disso, estudos recentes associam o uso de anabolizantes a um aumento consistente de doenças cardíacas. Embora muitos jovens acreditem estar protegidos por acompanhamento médico, a prática costuma ocorrer sem controle efetivo. Assim, o risco se instala de forma silenciosa e progressiva.
O risco feminino começa antes do esperado
Entre as mulheres, o cenário também mudou. Condições como pré-eclâmpsia, eclâmpsia e diabetes gestacional aumentam o risco cardiovascular de forma precoce. A isso se somam menopausa antecipada e doenças autoimunes. Como resultado, os primeiros sinais de doença cardíaca surgem mais cedo do que no passado.
Essa realidade desmonta a antiga ideia de que infarto, hipertensão e arritmias pertencem apenas à velhice. Hoje, o risco acompanha rotinas aceleradas, ansiedade crônica e a busca constante por desempenho máximo.
Prevenção como estratégia de sobrevivência
A prevenção, portanto, deixa de ser recomendação genérica e passa a ser estratégia essencial. Aloisio Barbosa da Silva defende check-ups médicos a partir dos 20 anos, especialmente diante do aumento da obesidade ainda na adolescência. Segundo ele, a aterosclerose coronariana surge cada vez mais cedo, inclusive antes dos 30 anos.
Sarah Grobe reforça que homens, em geral, evitam consultas preventivas, ao contrário das mulheres, que mantêm acompanhamento regular desde cedo. Entretanto, medir pressão arterial, avaliar colesterol e investigar marcadores genéticos, como a lipoproteína(a), permite antecipar riscos e mudar desfechos.
Entre telas, estímulos e escolhas
O estilo de vida moderno empurra o corpo para um estado constante de alerta. Jornadas longas, dependência de telas e uso frequente de energéticos e pré-treinos alimentam inflamação vascular, elevam a pressão e aumentam o risco de arritmias. Assim, o coração paga a conta de uma rotina que confunde produtividade com saúde.
Dormir bem, praticar atividade física regular, manter alimentação natural, controlar o peso e reduzir álcool e tabaco não representam luxo. Ao contrário, essas escolhas funcionam como barreiras reais contra a antecipação das doenças cardiovasculares. Reportagem da Agência Brasil.
FAQ sobre risco cardíaco em jovens
Por que jovens estão tendo mais problemas cardíacos?
O aumento se relaciona diretamente ao estilo de vida atual, com sedentarismo, alimentação ultraprocessada, estresse crônico, privação de sono e uso de estimulantes.
Hipertensão em jovens costuma dar sintomas?
Na maioria dos casos, não. A hipertensão inicial permanece silenciosa, o que dificulta o diagnóstico sem exames regulares.
Anabolizantes realmente afetam o coração?
Sim. Estudos associam o uso de esteroides anabolizantes a maior risco de infarto, arritmias e insuficiência cardíaca, mesmo em jovens.
Quando iniciar o acompanhamento cardiológico?
O ideal é iniciar avaliações preventivas a partir dos 20 anos, especialmente se houver histórico familiar ou hábitos de risco.
É possível reverter esses riscos?
Em muitos casos, sim. Mudanças consistentes no estilo de vida e acompanhamento médico reduzem significativamente o risco cardiovascular ao longo do tempo.
Rogério Victorino
Jornalista especializado em entretenimento. Adora filmes, séries, decora diálogos, faz imitações e curte trilhas sonoras. Se arriscou pelo turismo, estilo de vida e gastronomia.
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