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A essência do perdão: um ensaio no formato de conto
Perdoar.
Palavra pequena, com apenas três sílabas, mas que carrega um peso enorme em sua essência. O ato de perdoar é uma das ações mais profundas e transformadoras que um ser humano pode realizar. É um alívio para a alma, uma cura para o coração ferido, uma libertação das correntes do ressentimento. No entanto, perdoar não é fácil. Requer coragem, empatia e, acima de tudo, amor.
Para ilustrar essa ação magnífica de remissão, vou usar um pequeno conto, despretensioso, que a traduz.
O Caminho do Perdão
Imaginemos uma vila encantada chamada Valedourado, onde as cores das emoções são visíveis para todos. Em Valedourado, cada habitante carrega uma paleta de cores que varia de acordo com seus sentimentos. As cores brilhantes representam alegria e paz, enquanto os tons escuros indicam tristeza e rancor.
Na colina mais alta dessa vila vivia uma jovem chamada Ana Clara, conhecida por Clarinha. Ela era famosa por sua bondade e por sua habilidade de transformar as cores ao seu redor. No entanto, Clarinha carregava uma sombra de dor. Anos antes, seu irmão, José Maria, havia traído sua confiança de maneira terrível, mergulhando sua paleta de cores em um cinza sombrio. Desde então, Clarinha lutava para trazer de volta as cores vibrantes de sua alma.
Clarinha sabia que precisava perdoar José Maria para recuperar sua paz. Mas como? Como se libertar da dor que ele lhe causara? Um dia, decidiu buscar a ajuda de uma sábia anciã, chamada Wanda, conhecida por suas palavras de sabedoria.
Wanda explicou que o perdão não é um presente para o ofensor, mas sim para quem perdoa:
— Perdoar, Clarinha, é libertar-se da prisão do passado – disse a anciã – É permitir que as cores da sua alma brilhem novamente.
Determinada, Clarinha procurou sua grande amiga, Silvia, a quem carinhosamente chamava de “minha querida”, e contou tudo o que pretendia fazer. Silvia não só a apoiou, como também disse:
— Estarei sempre ao seu lado para apoiá-la, conte comigo.
A partir desse dia, Clarinha começou sua jornada de perdão. Em seus sonhos, encontrava-se com espíritos ancestrais que lhe ensinavam a arte do desapego e da compaixão. Cada encontro trazia uma nova perspectiva, uma nova cor para sua paleta. Lentamente, os tons de cinza começaram a dar lugar a azuis e verdes, símbolos de serenidade e esperança.
A verdadeira face do perdão
Na vida real, o perdão também exige um processo semelhante. Não se trata de esquecer ou justificar a mágoa, mas de entender que o rancor apenas envenena a alma de quem o carrega. Estudos mostram que perdoar pode reduzir o estresse, melhorar a saúde mental e até mesmo fortalecer o sistema imunológico.
Um exemplo tocante é o de Eva Kor, sobrevivente do Holocausto, que encontrou paz ao perdoar os nazistas que a torturaram. Sua decisão não apagou a dor do passado, mas permitiu que ela vivesse o presente com mais leveza e dignidade.
A conclusão de Clarinha
Ao final de sua jornada, Clarinha finalmente encontrou José Maria. Com os olhos cheios de lágrimas, disse-lhe que o perdoava. Não porque ele merecesse, mas porque ela merecia paz. José Maria, tocado pelo gesto, começou a chorar, e as sombras em sua paleta começaram a desaparecer, revelando cores de arrependimento e gratidão.
Clarinha percebeu que o perdão não era apenas um ato de libertação para si, mas também uma semente de mudança no coração do outro. Em Valedourado, as cores das emoções brilharam mais intensamente do que nunca, refletindo a beleza do perdão em sua forma mais pura: o amor.
Reflexão – Para pensar
Perdoar é uma jornada pessoal e única. Cada um de nós tem um Valedourado dentro de si, onde as cores das emoções aguardam para serem restauradas. O perdão é a chave para libertar essas cores e trazer harmonia à nossa alma. Que tenhamos força e fé, como Clarinha, para perdoar e permitir que as cores da paz e do amor brilhem em nossas vidas.
Rubens Muniz Junior
Rubens de Azevedo Muniz Junior, economista, administrador de empresa, trader aposentado, 82 anos de idade, nascido em Pirajuí, é poeta, cronista, contista, romancista e amante de boa leitura. Viajou e residiu, a trabalho, fora do Brasil.
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