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Ensaio sobre o que faz um texto ser uma excelente crônica
Uma excelente crônica é como uma janela aberta para o cotidiano, mas com um toque de poesia e alma. Ela captura o instante fugaz, aquele detalhe que, à primeira vista, parece invisível, mas que carrega em si o reflexo da humanidade. Suas características são a simplicidade e a profundidade, que convivem em harmonia, como se cada frase tivesse o peso de um pensamento antigo e a leveza de um sorriso espontâneo.
Ela nasce do tempo, desse movimento lento e silencioso das horas, e é guiada pela mão do cronista, que, ao invés de buscar grandes feitos, escolhe observar a vida como quem contempla um pôr do sol ou ouve o barulho da chuva. A crônica não precisa da grandiosidade dos romances, nem das complexidades das histórias longas; ela se satisfaz com o fragmento, com a gota, com o pequeno momento que espelha a vastidão da existência.
Suas palavras são um tecido vivo, que se desenrola em ritmos que lembram uma conversa íntima, quase confessional. Ao mesmo tempo, a crônica humanista não se fecha no escritor; ela dialoga com o leitor, toca seu coração e provoca reflexão. É um espelho da sociedade, um retrato do espírito da época, mas também um sussurro eterno sobre o que é ser humano. Seus temas podem ser simples — o velho da praça, o gato no muro, o vendedor de rua — mas o que as transforma é o olhar do cronista, que enxerga o universal no particular, o sublime no comum.
Assim, a crônica é um olhar de afeto sobre a vida, e essa é a sua essência poética. Ela envolve empatia e proximidade, uma escrita que te abraça e te coloca ao lado do cronista, observando o mundo com olhos novos. Em cada linha há humanidade — a falibilidade e a beleza das pessoas, os silêncios não ditos e as histórias não contadas. E, ao final, é como se o leitor saísse enriquecido, com o coração mais leve e a mente desperta.
Ser uma excelente crônica é isso: ser uma narrativa que respira uma fração de vida que se eterniza no papel, uma chama suave que, em silêncio, aquece o espírito.
Rubens Muniz Junior
Rubens de Azevedo Muniz Junior, economista, administrador de empresa, trader aposentado, 82 anos de idade, nascido em Pirajuí, é poeta, cronista, contista, romancista e amante de boa leitura. Viajou e residiu, a trabalho, fora do Brasil.
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