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Luz do meu sol: uma crônica em uma caminhada pelo Boqueirão
A manhã se abriu como um presente, dourada e leve, pintando a praia com tons de sonho. O sol parecia repousar suavemente sobre o mundo, oferecendo um abraço silencioso. A brisa, carregada com o frescor do mar, dançava ao meu redor, trazendo um convite irrecusável: caminhar.
Minhas sandálias ficaram para trás, e os pés tocaram a areia morna, como quem reencontra um amigo de longa data. Cada passo me conduzia para dentro de memórias que o tempo não conseguiu apagar. As ondas quebravam suavemente, e, ao olhar para o horizonte, voltei ao passado.
Lembrei-me de quando, juntos, caminhávamos de mãos dadas por essas mesmas areias, no Boqueirão, compartilhando sonhos e esperanças, como se o futuro fosse um livro em branco que escreveríamos lado a lado.
Senti os raios do sol tocarem meus ombros, como quem sussurra palavras esquecidas. Era mais do que calor; era vida, uma força que pulsava uma promessa de que, mesmo nos momentos mais sombrios, o sol jamais nos abandonaria.
Ao longe, uma senhora estava sentada em um banco no jardim defronte ao mar. Seus olhos fechados e o rosto voltado para o céu sugeriam um diálogo íntimo com a luz. Que lembranças a ocupavam? Talvez amores antigos, talvez dias de infância, quando o mundo parecia maior e o tempo mais generoso.
Mais adiante, uma criança corria para encontrar as ondas. Cada risada era uma melodia; cada salto, uma coreografia espontânea. Vi no brilho de seus olhos uma verdade simples e universal: o sol é para todos, mas cada um o sente de maneira única.
As ondas, em sua eterna dança com a praia, refletiam o céu dourado, criando um espetáculo que não precisou de ensaio. Era poesia em movimento, uma harmonia que paralisava o tempo.
Cada reflexo na água parecia segredar algo, como se a natureza quisesse compartilhar sua sabedoria com aqueles que estivessem dispostos a ouvir.
Se eu pudesse congelar este dia, guardá-lo em uma caixa de cristal, seria para oferecê-lo a você. Um presente repleto de luz e paz, onde o calor do sol não apenas aquece o corpo, mas também a alma, soprando alívio sobre os pesos do cotidiano.
O sol, esse astro tão antigo e constante, parecia uma metáfora para tudo o que é eterno. Ele nasce, brilha e se despede no horizonte apenas para retornar, fiel à sua missão. É como se dissesse: “Estou aqui, e sempre estarei”.
Enquanto o dia deslizava para a tarde, um pensamento me envolveu: o sol não é apenas uma fonte de luz, mas também um lembrete de continuidade. É a certeza de que, por mais longas que sejam as tempestades, ele sempre retorna para iluminar nossas vidas.
Ao olhar novamente para o céu tingido de cores vibrantes, murmurei uma prece silenciosa: que essa luz nunca me falte, que seu calor me guie e que, um dia, talvez, possamos caminhar novamente juntos por estas mesmas areias, lado a lado, como antes, quiçá em outras vidas.
Porque, no fundo, o sol sempre será mais do que um astro no céu. Ele é o reflexo do que mais buscamos: paz, esperança e a promessa de que o amor é eterno, mesmo quando está além do alcance dos olhos, além do arco-íris.
Na praia, sob o céu de Santos, deixei meus passos como testemunhas de um amor que viverá para sempre.
Rubens Muniz Junior
Rubens de Azevedo Muniz Junior, economista, administrador de empresa, trader aposentado, 82 anos de idade, nascido em Pirajuí, é poeta, cronista, contista, romancista e amante de boa leitura. Viajou e residiu, a trabalho, fora do Brasil.
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2 comentários para “Luz do meu sol: uma crônica em uma caminhada pelo Boqueirão”
Ótima leitura que mexe com nossos sentimentos mais profundos de nostalgia e anos dourados 💛 não posso deixar de parabenizá-los pela escolha do autor, tão intenso e tão amável. Fico lisonjeada com esse presente de leitura!!! Raquell Garcia