Anos dourados: uma crônica poética dedicada aos meus amigos de Jundiaí e Santos

Dedico aos meus amigos de Jundiaí e Santos, onde vivi e aprendi o quanto é importante ter amigos para sempre.
Anos dourados: uma crônica poética dedicada aos meus amigos de Jundiaí e Santos
Foto: Canva

Era um tempo em que o sol parecia brilhar de forma diferente, pintando os dias com cores que só a memória é capaz de guardar. Os anos 50, 60 e 70 não eram apenas décadas; eram melodias emolduradas por sonhos e passos de dança, onde a vida pulsava ao som de Elvis Presley, e os topetes dos meninos desafiavam o vento.

As meninas, com seus cabelos soltos, flertavam com a brisa enquanto rodopiavam, vestindo saias que acompanhavam o ritmo do coração. As matinês eram mais do que encontros; eram portais para mundos que só Hollywood sabia criar. Tony Curtis, Audrey Hepburn, Marlon Brando, Sophia Loren e Brigitte Bardot eram ídolos que habitavam nossos devaneios.

Ah, as domingueiras! Salões iluminados por risos e pelos passos hesitantes de quem ensaiava o amor no compasso do jazz ou do bolero. Tentávamos, meio desajeitados, imitar Fred Astaire, os pés tropeçando na timidez, mas o coração vibrando como se fôssemos astros.

Na escola, éramos moldados por um mundo mais amplo, onde Latim e Canto Orfeônico compartilhavam espaço com Trabalhos Manuais e História do Brasil. Entre fórmulas de matemática e versos de Camões, sonhávamos em outra língua, aprendendo francês e inglês, desenhando futuros que, às vezes, pareciam distantes.

O primeiro amor era uma descoberta doce e arrebatadora. O primeiro beijo, uma poesia que escrevíamos na ponta dos lábios. As promessas de “para sempre” tinham a inocência de quem acreditava que o tempo era um aliado fiel.

E quem pode esquecer das balas Toffee, do guaraná, ou do Grapette, que, na simplicidade, era mais doce do que qualquer luxo? Tudo parecia tão fácil, tão pleno. Ríamos, chorávamos e vivíamos sem saber que aqueles eram os verdadeiros anos dourados.

Hoje, eles voltam como um abraço, tecendo saudades e sonhos, lembrando-nos de que a felicidade, muitas vezes, mora naquilo que já vivemos e ainda ousamos guardar.

Saudade que não vai embora…

Rubens Muniz Junior

Rubens de Azevedo Muniz Junior, economista, administrador de empresa, trader aposentado, 82 anos de idade, nascido em Pirajuí, é poeta, cronista, contista, romancista e amante de boa leitura. Viajou e residiu, a trabalho, fora do Brasil.

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