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Além do bem e do mal: uma crônica sobre a inquietude filosófica e os ecos de Nietzsche
Haroldo, um bom homem já chegando aos cinquenta anos, escritor e filósofo, certa tarde de verão, quando o tempo se fazia morno, sentado sob a proteção do pergolado em seu jardim, observava a dança das folhas ao soprar da brisa suave e constante, enquanto o sol, em seu apogeu, lançava raios dourados que iluminavam as flores em um espetáculo de cores vivas.
“Oh! Meio-dia da vida! Hora solene”, pensou, recordando as palavras de Nietzsche. Aquele momento, embora efêmero, parecia conter toda a essência da existência.
Enquanto contemplava a beleza à sua volta, uma inquietação tomou conta de seu ser. Era uma felicidade inquieta, uma mistura de êxtase e ansiedade, como se algo grandioso estivesse prestes a acontecer. E, no íntimo, uma voz se fez ouvir:
“Oh! Jardim de verão! Felicidade inquieta, de pé na ansiedade e à espreita”, sussurrou para si mesmo, sentindo cada palavra vibrar em seu ser.
Nesse estado de expectativa, começou a refletir sobre as lições deixadas por Nietzsche. Tanta sabedoria, tantas verdades profundas, e ainda assim, quantos de nós realmente compreendemos ou aplicamos esses ensinamentos em nossas vidas?
Na correria do cotidiano, na busca incessante por sucesso e reconhecimento, esquecemo-nos de olhar para dentro, de questionar nossas próprias crenças e valores. “Espero meus amigos, pronto noite e dia, / Onde estão, meus amigos? Venham! É tempo, é hora!”
Aquele chamado parecia ecoar dentro de si, como um lembrete de que é preciso despertar, de que é hora de reunir aqueles que compartilham da mesma sede por conhecimento e verdade.
E, deixando-se embalar pelas linhas escritas do pensador, o filósofo pensou:
“Onde estão os amigos que, como eu, estão prontos para desafiar as convenções e explorar as profundezas da alma humana?”
O tempo caminhou. O sol começava a se pôr, trazendo consigo a promessa de uma noite tranquila. Nisso, sentiu uma nova determinação surgir. A sabedoria de Nietzsche não pode ser esquecida, relegada às páginas dos livros. Ela deve ser vivida, experimentada, compartilhada.
“É tempo, é hora de reunir os amigos, de iniciar diálogos profundos, de buscar juntos a verdade que transcende o bem e o mal.”
E assim, naquela noite iluminada pela lua, decidiu que começaria sua jornada. Chamaria seus amigos, aqueles que estavam dispostos a questionar, a pensar, a sentir. E juntos, sob o céu estrelado, começariam a trilhar um novo caminho, guiados pelas palavras de Nietzsche, em busca de uma compreensão mais profunda da vida.
Naquele jardim de verão, compreendeu que a verdadeira felicidade está na inquietude, na busca constante, na espera vigilante. E que, embora muitos possam nunca aprender as lições deixadas, aqueles que se dispõem a escutar encontrarão, na filosofia, um guia para uma existência mais plena e significativa.
Rubens Muniz Junior
Rubens de Azevedo Muniz Junior, economista, administrador de empresa, trader aposentado, 82 anos de idade, nascido em Pirajuí, é poeta, cronista, contista, romancista e amante de boa leitura. Viajou e residiu, a trabalho, fora do Brasil.
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