Frases feitas: uma crônica sobre o uso delas sem contraindicações

Hoje vamos conversar sobre as contraindicações sociais para o uso de frases feitas e o quanto isso vai mudar sua vida… Rá-rá-rá!
Frases feitas: uma crônica sobre o uso delas sem contraindicações
Foto: Canva

Hoje vamos conversar sobre as contraindicações sociais para o uso de frases feitas e o quanto isso vai mudar sua vida… Rá-rá-rá!

Não sei se algum momento vocês já ouviram essa expressão, “frases feitas”, dentro de alguma dessas dinâmicas da vida. Eu ouvi algo semelhante ainda no meu colegial, de uma colega mais madura de Humanas e que, naquela altura do campeonato, me acertou pior do que uma porrada na cara.

Sempre fui muito sensível a qualquer tipo de crítica. Negativa ou positiva. Não reagia bem a nenhuma delas, acho que porque fui educado para fazer as coisas “certas”, “corretas” e à beira da perfeição. E isso me dava um auto crédito tremendo, incompatível com qualquer tipo de feedback.

Fazer a coisa certa, além de lembrar um filme, era obrigação, portanto, livre de qualquer comentário. “Não fez mais que sua obrigação”, dizia meu pai ao conferir minhas notas altas no colégio. Fazer a coisa errada, então, era um crime hediondo. Colocava você na lista dos mais falados da rua, da escola e, principalmente, da família. “O que vão dizer?”, dizia minha mãe a qualquer deslize meu. E eu deslizava, viu?

Multiplique isso pelo fator baixa autoestima e zero amor próprio e a equação fica astronomicamente gigante. A pedra no seu caminho que apenas começara era do tamanho do Corcovado.

45 anos depois…

Pois voltando para a colega de Humanas, suas palavras não foram digeridas e, óbvio, fiquei regurgitando aquilo por um tempão. Na hora eu não tenho resposta. Na hora eu fico: “Ah, éé?”. Hoje, claro, analisado e já jogando o segundo tempo do jogo, seria como o personagem de Steve Martin em Roxanne e teria dez diferentes e satíricas maneiras para respondê-la. Uau, isso me custou somente 45 anos de vida, mas aprendi… hehe

No frigir dos ovos, que mal que se esconde no coração dos homens que fazem uso de uma ou outra frase feita? Audaciosamente indo aonde nenhuma Adriana jamais Esteves…

Tem gente que tenta parecer sábia ao soltar um “o que não nos mata nos torna mais fortes”. Além de abrir Conan, o Bárbaro e iluminar muito praticante de arte marcial, a frase atribuída ao filósofo alemão Friedrich Nietzsche tem pouco efeito nos dias de hoje. Eu, já prefiro a versão “o que não mata, engorda”, bem mais popular na Mooca da minha infância.

Por falar na Mooca, minha vó Norma tinha umas frases ótimas, tipo “quem mangia solo crepa solo”, misturando português com macarronês para lembrar que quem come sozinho morre sozinho. Ou domani non si lavora, si mangia e si dorme, afinal, até Deus descansou no sétimo dia.

Como fugir disso? E, mais importante até, por quê? E como negar o mar de influências que os filmes trouxeram para mim ao longo de décadas de jornalismo do entretenimento?

Frases de filmes e nerdices

Aquilo que era o Éden! Um monte de jornalistas especializados em entretenimento (um nome bonito e mais longo para nerds) trocando frases de filmes quase que em um hip-hop cinematográfico: “You can’t handle the truth”; “that’ll be the day”; “show me the money”… A lista é imensa.

E com as versões brasileiras Herbert Richers, claro: “salva o cavalo e ninguém mais”; “eu pedi para não me dizer isso” ou “esse é o começo de uma bela amizade”.

E, de repente, não mais que de repente, o trauma passou. Virou uma qualidade. Ou um charminho, em alguns ambientes. Portanto, na próxima vez que for usar um “mais vale um pássaro na mão do que dois voando”, use sem contraindicações. Ao menos sem ligar para julgamentos. E seja feliz.

Terapia da semana feita e compartilhada. Mas o pior é que nem lembro qual foi a frase que usei na frente da colega de Humanas. Mas, va’ a fanculo…

Rogério Victorino

Jornalista especializado em entretenimento. Adora filmes, séries, decora diálogos, faz imitações e curte trilhas sonoras. Se arriscou pelo turismo, estilo de vida e gastronomia.

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