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Cocriação, espiritualidade e a sincronicidade
Sendo um termo criado dentro do universo empresarial para expressar o valor da união de todos os grupos e setores, incluindo concorrentes com o propósito do benefício mutuo, a Cocriação significa “criar juntos”. Fica fácil entender porque esse termo não seria uma novidade entre círculos gnósticos e de fé, uma vez que todos partem do principio de um Deus/Universo gerador e o homem como colaborador na construção do projeto humano planetário.
Então o que se demonstra relevante nesse caso? Que partindo do significado da existência de um continuum, confirmado pelas estudos e teorias científicas, o caos inicial sempre será o motor para uma nova experiência de ordem em um processo ininterrupto atravessando tempo e espaço. Assim, todos os homens e mulheres do nosso planeta estão trabalhando conscientes ou não, em função desta “criação” conjunta como ordem natural. Mas o que impele a essa “ordem natural”? Apenas questões biológicas?
Levando-se em conta que: biologicamente só existe a noção do mundo e realidade por conta do Sistema Nervoso Central e Periférico; no córtex cerebral central existe uma região específica ativada apenas quando o gênero humano tem experiências de espiritualidade; associando a este fato o relato de pessoas submetidas a testes nos quais, durante sessões de meditação ou orações, ocorreu uma forte sensação de transposição da situação de singularidade (eu) para outra de pluralidade (todo). Ou seja, de uma completa união inter e extrassensorial.
Somando essas informações ao conceito de sincronicidade proposto por Jung, resta uma questão: para que e o que causa essa “organização”? Seria possível responder a essa pergunta de forma conclusiva? Infelizmente ainda é cedo para a ciência apesar do grande avanço nas pesquisas sobre a origem da vida e do cosmos, mas a espiritualidade pode trazer alguma luz, uma vez que esse conceito é o pilar central que dá sentido a existência. A partir da conscientização do EU, das causas dos conflitos interiores, vem o amadurecimento sobre o mundo, as suas causas e à percepção da participação do processo de criação.
A humanidade não é composta por marginais espectadores, mas de indispensáveis protagonistas agindo no aqui e agora, numa roda incessante de acontecimentos que levam cada geração, do caos, ao infinito. Nas palavras de Jiddu Krishnamurti:
Podemos ir longe, se começarmos de muito perto. Em geral começamos pelo mais distante, o “supremo princípio”, “o maior ideal”, e ficamos perdidos em algum sonho vago do pensamento imaginativo. Mas quando partimos de muito perto, do mais perto, que é nós, então o mundo inteiro está aberto — pois nós somos o mundo. Temos de começar pelo que é real, pelo que está a acontecer agora, e o agora é sem tempo.
Ariano Suassuna no final de sua obra Auto da Compadecida, analisa que todos fazem parte do projeto de evolução humana, bons, maus, inclusive o velho cangaceiro que de todos é o único prontamente absolvido de seus delitos, porque desconhecia que era parte do caos-motor-gerador. Assim, caminhamos diariamente auxiliando a criação seguindo instintos e fazendo escolhas que nos conectam uns aos outros numa dança incessante.
Sergio Bosco
Bacharel em Teologia pela PUC-SP com Extensão universitária em Doutrina social da Igreja pela Faculdade Dehoniana de Taubaté. Escritor, pesquisador e ensaísta.
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