Evangelho: a Boa Nova do milagre de Natal

O que fica explicitado na mensagem deixada pelo apostolo Marcos no inicio de seu evangelho?
Evangelho: a Boa Nova do milagre de Natal
Foto: Canva

O termo em grego εὐαγγέλιον (Boa Nova) foi mencionado apenas uma vez no escrito canônico deixado pela comunidade de Marcos, mas que posteriormente acabou por nomear os demais livros que objetivavam deixar para as gerações futuras a história de Jesus de Nazareth: “Principio do evangelho de Jesus Cristo, filho de Deus”. Contudo o que exatamente essa palavra busca expressar? Por que foi destacada por seus seguidores e adeptos? Esperança. Desde tempos remotos, o homem se pergunta sobre qual a razão da vida e o que poderia haver depois dela. Essa questão gerou inúmeras reflexões, comentários e ideologias, chegando a determinar ritos e para alguns povos, bens materiais com significados para o pós-vida. Apesar das determinações, pairava a dúvida e incerteza que empregava tons melancólicos a expectativa da morte.

Então o que aconteceu de especial para que essa palavra desempenhasse um efeito tão forte a ponto de reunir milhares nessa comunhão? Remotamente temos apenas a confirmação dos escritos do historiador hebreu Flavio Josefo sobre a sua existência através de uma rápida citação sem muita importância, onde revela a morte de um líder religioso realizada pelo exercito de ocupação romano. Uma época de contendas e revoltas que levou inúmeros líderes a morte. O diferencial em Jesus foi sua comunidade que apesar de perseguida, jamais deixou de praticar sua fé e trabalhou arduamente para transmiti-la a outras pessoas e povos. Uma fé que se baseava na ideia de que Jesus era incontestavelmente o filho ungido por Deus para fazer conhecer sua vontade.

O que deu destaque a essa seita foi à disposição de seus seguidores em se entregar livremente a morte para não rejeitar sua fé, uma determinação que levava ao espanto e questionamento sobre os motivos que desafiavam perseguição, tortura e crueldade. A resposta estava na palavra “esperança”. Esperança relacionada à vitória da vida sobre a morte. Seus adeptos conheceram testemunhas oculares que narraram os episódios de seu retorno e que igualmente se entregaram abertamente ao martírio na certeza da continuidade da vida. Finalmente ocorrera no mundo a única confirmação carnal de que a morte não daria a ultima palavra encerrando a existência, mas sendo apenas a porta de passagem para outra dimensão.

Essa noticia deveria ser espalhada para que mais pessoas pudessem estabelecer o modelo de vida que propicia a vibração que abre a porta para travessia: o amor. Essa mensagem esta inscrita nos atos e ensinamentos de Jesus, sua ética humanitária e seu sentimento inconfundível. Uma admiração que leva milhões a certeza de que realmente seu exemplo seja a chave que abre as portas de uma nova consciência onde à morte não tenha mais importância, mas sim a vida que se pratica. Vida em que palavras como “amor”, “igualdade” e “caridade” se revelem cotidianas e que o desejo sincero em ajudar supere interesses e afazeres pessoais gerando um espelho vivo do pós-morte. Uma edificação capaz de acolher, curar e dignificar o homem como igual e nobre, promovendo sentimentos de felicidade e paz.

Podem-se ter certeza que dois autênticos milagres indiscutíveis de Jesus são: o magnetismo de suas palavras; e conseguir congregar por uma noite, a maioria da humanidade na expectativa da utilização de suas melhores capacidades. Dessa forma, na véspera do dia 24 para o dia 25, inúmeras famílias estão reunidas entorno de uma mesa para celebrar a véspera da Boa Nova, trocando presentes numa atmosfera fraterna e desejosos por novos tempos. No celebre poema de Paulo apostolo, o maior difusor do cristianismo, a interpretação do espírito do Natal.

A caridade é paciente, a caridade é bondosa. Não tem inveja. A caridade não é orgulhosa. Não é arrogante. Nem escandalosa. Não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não guarda rancor. Não se alegra com a injustiça, mas se rejubila com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. A caridade jamais acabará. As profecias desaparecerão, o dom das línguas cessará, o dom da ciência findará. A nossa ciência é parcial, a nossa profecia é imperfeita. Quando chegar o que é perfeito, o imperfeito desaparecerá. Quando eu era criança, falava como criança, pensava como criança, raciocinava como criança. Desde que me tornei homem, eliminei as coisas de criança. Hoje vemos como por um espelho, confusamente; mas então veremos face a face. Hoje conheço em parte; mas então conhecerei totalmente, como eu sou conhecido. Por ora subsistem a fé, a esperança e a caridade – as três. Porém, a maior delas é a caridade. (1 Coríntios 13, 4-13)

Sergio Bosco

Bacharel em Teologia pela PUC-SP com Extensão universitária em Doutrina social da Igreja pela Faculdade Dehoniana de Taubaté. Escritor, pesquisador e ensaísta.

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