Filosofia Analítica: Os 10 mandamentos de Bertrand Russell

Resiliência, conformismo ou receio da exposição?
Filosofia Analítica: Os 10 mandamentos de Bertrand Russell
Foto: WikiCommons

Quando refletimos sobre as relações humanas, fica evidente porque alguns temas são recorrentes nos ensinamentos e nas indicações de mestres, professores, lideres e deidades. As adversidades advindas do eu interior e adocicadas com uma boa dose do ego, tem o poder de azedar qualquer amizade ou entornar qualquer vaso já repleto de ressentimento e dor. Dentre os liberalistas mais famosos, Bertrand Russell através de sua filosofia analítica estabeleceu seus 10 mandamentos contrários a qualquer forma de “entreguismo”.

  1.  Não se sinta absolutamente certo de nada.
  2. Não pense que vale a pena produzir crença através da ocultação de evidências, pois as evidências certamente virão à luz.
  3. Nunca tente desencorajar o pensamento, pois você certamente será bem-sucedido.
  4. Quando você se deparar com oposição, mesmo que seja da parte de seu marido ou de seus filhos, dedique-se a vencê-la com argumentos e não com autoridade, pois uma vitória que depende apenas da autoridade é irreal e ilusória.
  5. Não respeite a autoridade, pois sempre haverá outras autoridades com opiniões contrárias.
  6. Não use o poder para suprimir opiniões que você acha perniciosas, pois se você o fizer, as opiniões suprimirão você.
  7. Não tenha medo de ter opiniões excêntricas, pois cada opinião hoje aceita já foi excêntrica um dia.
  8. Encontre mais prazer no dissenso inteligente que no consenso passivo, pois se você valorizar a inteligência como deveria, o primeiro implica uma concordância mais profunda que o segundo.
  9. Seja escrupulosamente verdadeiro, mesmo quando a verdade for inconveniente, pois é mais inconveniente quando você tenta escondê-la.
  10. Não tenha inveja da felicidade dos que vivem em um paraíso de tolos, pois apenas um tolo pensaria que aquilo é felicidade.
    Tradução: Cynthia Feitosa.

Mas o que a espiritualidade como um todo pode nos dizer a respeito?

Se adaptar as condições e circunstâncias existenciais é uma ação natural e inerente a qualquer ser vivente, mas não livre de experimentar medos, angustias e o tão comentado e famigerado estresse físico-emocional. Este é o resultado dessa resposta culinária neurológica química em nosso organismo, muitas vezes se acumulando e desenvolvendo em doenças degenerativas. Ou seja, atrapalhando a relação entre dois dos pilares fundamentais da vida: o corpo e a mente. E como fica o terceiro, o espírito? Como não existe subdivisão do todo, o espírito se desconecta impossibilitado à determinação em sua jornada evolutiva, recebendo apenas os mesmos estímulos de fuga e estagnação.

A espiritualidade orienta que para se “limpar” desse subtrato indesejado é necessário se inverter o trafego da comunicação, que a oferta esta nos caminhos interiores para reequilibrar e fortalecer os pilares exteriores. Utilizando um sentido figurado, imaginemos o sistema nervoso com suas vias que vão das extremidades ate o núcleo central, que recebe um estímulo e desencadeia uma resposta contrária imediata, determinando a ação contrária. Quando o núcleo fica comprometido pelos estímulos, ele se excede em sua atividade e vai se desgastando, gerando mais desconforto e um circulo vicioso de reações. Um piloto automático que identificando o perigo ativa o programa padrão e que na maioria das vezes a pessoa nem percebe.

A orientação esta exatamente em desativar esse piloto e voltar a ter o controle e atenção para o plano de voo original. A boa noticia é que de tanta experiência, já se tem o conhecimento prévio sobre o que se deve desviar. Isso é Resiliência. Você conhece a aeronave (corpo), conhece os planos (espírito) e esta no controle (mente). A ação (corpo) não depende do caminho, mas em saber caminhar, tomando cuidado com respostas prontas e estando aberto aos questionamentos (mente) com lucidez (espírito) e equilíbrio. Se existe um manual de instruções, está localizado dentro de cada ser e a espiritualidade procura auxiliar a entender cada tópico, a singularidade de cada propósito. A jornada da vida é plena, única e importante demais para se deixar abater ou se desviar infinitamente. Despertar não é estar alheio e nem imerso nos acontecimentos, mas um estado fluídico entre eles.

Sergio Bosco

Bacharel em Teologia pela PUC-SP com Extensão universitária em Doutrina social da Igreja pela Faculdade Dehoniana de Taubaté. Escritor, pesquisador e ensaísta.

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