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Mente e espírito: a reparação do todo
Existencialmente vivemos em uma época conturbada entre aflições e medos constantes bem realistas, cada nova situação tem gerado a reflexão constante da importância do eu, do aqui e agora. Será essa a força motriz para a reorganização humana?
A sociedade ocidental medieval focou sua cultura e religião dentro dos axiomas de Platão, gerando muitas interpretações nas quais se fazia alusão a dois polos existentes no gênero humano: o mundo das ideias e o mundo das sensações. O celebre filosofo enaltecia as faculdades advindas do plano mental e assegurava que apenas esse seria capaz de conter os avanços incontroláveis do baixo instinto.
Agora coloque nessa fervura ingredientes interessantes como: economia; controle populacional; gestão de recursos; elitização de classes sociais e boom, bem vindo aos tempos modernos. Não, realmente você não chegou aqui por acaso e muitos de seus valores nasceram há muitos anos quando seus antepassados sequer imaginavam existir terras por essa região. Então não estranhe que as atitudes e comportamentos sejam completamente diferentes dentro dos templos e igrejas, para a vida familiar e social.
“Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração.”
Hebreus 4, 12
Acontece que se demonizaram tanto os sentimentos, que mesmo vindo do espírito, todos foram julgados errados e queimaram na fogueira santa do pecado, ou seja, a onda puritana da idade média se perdeu quando supôs que um ser completamente racional e doutrinado seria capaz de submeter, inclusive, desejos legítimos. Assim foram estabelecidas regras de condutas racionais para um comportamento exemplar, mas dentro de interesses nada ortodoxos, pois ate o espírito foi deixado de lado numa robotização de valores.
Em suma a fé ficou cega e as virtudes negociadas. Algo familiar com a política? Bem, não se esqueça de que os bens culturais se apresentam em todos os setores da vida de um povo, logo, o dar a Deus o que é de Deus e a César o que é de César, foi assimilado como dois mundos distintos. O mundo físico e o mundo espiritual, duas vertentes separadas pelo pecado, mas ligadas pelo arrependimento. A vida desde aquela época pareceu transcorrer normalmente para todos, pois já era possível agredir a esposa e os filhos e depois frequentar o culto e a missa dominical, aceitar propina ou ser dono de escravos e figurar como pessoa de bem frente à comunidade.
A separação entre a mente e espírito afastou o homem da possibilidade de entender seu real propósito, pois o espírito dá a direção, a mente elabora e o corpo executa. Todos os estudiosos da mente humana já constataram essa realidade ancestral: o homem é um todo indivisível, e somente assim pode ser encontrar o bem estar existencial. As Nações Unidas também constaram essa realidade, mas séculos de cultura merecem paciência, pois a muito com o que se reconciliar, anos de erros, abusos e desventuras mantidas nas sobras da mente, mas estampadas no frio espelho da alma.
Sergio Bosco
Bacharel em Teologia pela PUC-SP com Extensão universitária em Doutrina social da Igreja pela Faculdade Dehoniana de Taubaté. Escritor, pesquisador e ensaísta.
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