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A graça e a desgraça no caminho do cotidiano
Aprofundamento. Se apenas uma palavra pudesse ser usada para compreender a magnitude das ações, essa palavra seria “aprofundamento”. Determinar atitudes com base nas realizações alheias com certeza é a melhor forma de conseguir um resultado insatisfatório, pois foi centrada no “outro” e não no “eu”. Uau, complexo? Ótimo, porque a humanidade é complexa, atravessou o tempo-espaço trabalhando um objetivo sem refletir se a forma aplicada correspondia exatamente ao desejado. Obviamente não, e assim um círculo de ações e reações toma curso afastando o homem de seu objetivo primordial: a Felicidade.
Podemos entender a Felicidade como resultante da Graça, um Dom dado por Deus ao homem para que ele possa encontrar a Salvação, afinal é através da aceitação do amor incondicional que se transforma os hábitos e se chega à plenitude. Então o que é exatamente a Graça e a Desgraça presente desde o inicio dos tempos? Sabendo que é um Dom inerente, tudo esta relacionado com a escolha das ações, pois o potencial existe, mas dependendo dos motivos se degenera em Desgraça, ou mais especificamente, “sem-a-graça”. Sim, faz sentido à frase “em estado de Graça” como satisfação, pois a felicidade é um sinal de sua presença, bem como da presença do “eu” original.
Quando você escolhe ser agressivo, joga papel no chão, ajuda a espalhar boatos e mentiras, basicamente não esta utilizando um Dom e menos ainda acrescentando felicidade em sua vida. Desnecessário citar dirigir falando ao celular ou atravessar o semáforo fechado. Certo, assim fica mais claro entender que Desgraça não vem do céu, mas é a falta dele na percepção da vida. Entenda que mesmo uma vida na Graça pode sofrer acidentes e lidar com incidentes, mas é exatamente nesse momento que a ela se faz essencial, como reação aos fatos. Não ser dominado por eles, mas saber reagir conforme o seu “eu” e não por circunstâncias.
Pacificar é conhecer. Aprofundar leva ao conhecimento. A Espiritualidade indica essa jornada através de todos os povos. Zaratustra, Sidarta, Yeshua, Muḥammad, Gandhi, todos ensinaram que do amor nasce à verdadeira conduta, pois se baseia na felicidade, único caminho para a Salvação. Agora imagine uma cena de sua vida, não algo simples, mas de uma felicidade irradiante, um momento que ficou marcado como algo especial e que te fez ter vontade de compartilhar. Isso aconteceu sem você poder controlar, imagine podendo controlar e transformar cada situação. Sim, todos podem.
Os seres humanos na Graça são capazes de coisas incríveis, pois projetam a própria vida no que fazem, auxiliando a si mesmo e aos demais, rompendo barreiras e ultrapassando limitações. Os grandes gênios e os grandes mestres criaram na certeza do que vislumbraram dentro de si e que transbordou para o mundo, mas todos foram unanimes em declarar que tudo ocorreu depois de um “estado de Graça”, um lampejo interior incontrolável. Certo, mas onde entra a Desgraça aí? Na escolha da ação. Os grandes seres, famosos ou não, gurus ou entes de família, fazem escolhas diárias e cotidianas, mas quando elas são pautadas no não-amor, na insatisfação das ações alheias e na imaturidade em lidar com frustrações pessoais, perde-se o contato com o “eu”. Será fácil perceber a humanidade caminhando sobre a Graça, quando a preocupação for criar mais hospitais do que armas e salvando mais vidas do que tirando. A Pandemia poderia ter encontrado outro rumo se houvessem mais médicos do que soldados, mais Felicidade do que Dor. Nas palavras de Jiddu Krishnamurti:
“O pensamento é tempo. Ele nasce da experiência e conhecimento, que são inseparáveis do tempo e do passado. O tempo é o inimigo psicológico do homem. Nossa ação é baseada no conhecimento e, portanto, o tempo, assim o homem é sempre um escravo do passado. O pensamento é sempre limitado e assim nós vivemos em constante conflito e luta. Não há evolução psicológica. Quando o homem se torna consciente do movimento de seus próprios pensamentos, ele verá a divisão entre o pensador e o pensamento, o observador e o observado, o experimentador e a experiência. Ele descobrirá que esta divisão é uma ilusão. Só então haverá observação pura, significando isso percepção sem qualquer sombra do passado ou do tempo. Este vislumbre atemporal traz uma mutação profunda e radical na mente”.
Sergio Bosco
Bacharel em Teologia pela PUC-SP com Extensão universitária em Doutrina social da Igreja pela Faculdade Dehoniana de Taubaté. Escritor, pesquisador e ensaísta.
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