A escolha de Maria: Lucas e o evangelho da igualdade

O evangelho da igualdade e o lugar da mulher na espiritualidade: as escolhas moldam nossa vida e a importância de desafiar padrões.
A escolha de Maria: Lucas e o evangelho da igualdade
Foto: Canva

Inicialmente é importante frisar que a vida é determinada pelas nossas “escolhas”. Sim, não somos vitimas das circunstâncias, mas definidos por nossas escolhas e não por nossas crenças ou ideologias. Quando você decide tomar determinada atitude, isso é o que você se torna, não fazendo diferença qualquer posição que defenda ou opinião que tenha: o que te defini é aquilo que você faz. Sendo assim, sempre existe outra opção, não se é obrigado a seguir este ou aquele caminho, mas somente aquele que se toma no momento da decisão. Isso é escolha.

O lugar da mulher é onde ela quiser

Nesse contexto, uma descrição feita por volta do Sec. I da nossa era demonstra que as mulheres, das comunidades de gentios influenciadas por Lucas e Paulo, se encontravam em uma linha mais favorável junto à sociedade cristã nascente. Talvez a frase “o lugar da mulher é onde ela quiser”, tenha sido pronunciada pela boca do próprio Messias quando disse: …e isso não será tomado dela. A primeira vista pode parecer uma simples questão de negligenciar as obrigações domésticas para apreciar a presença de Jesus, afinal não é sempre que se tem o filho de Deus para almoçar em casa, mas a questão é muito mais abrangente.

Nas palavras do próprio hagiógrafo (Lc 10, 38-42), o Mestre é incitado por Marta, irmã de Maria, a impor o Status Quo determinado à limitação das mulheres, pois Maria se atreve a se colocar aos pés de Jesus em um lugar privilegiado aos homens: a educação. Ele mesmo define como a “parte boa”, o local de reflexão e consequentemente a libertação da imposição dos velhos padrões. Sua irmã, preocupada, inquieta, conformada e sujeita a um sistema de exclusão, se ausenta do grupo formado por ela mesma na “obrigação” do seu “lugar” como mulher e anfitriã.

O que fica bem claro nessa narração é que todos receberam e possuem, através da consciência, o poder da escolha. Que mesmo havendo julgamentos e agressões vidas dos meios mais íntimos na ferrenha luta para manter velhos padrões desumanos e que ainda não foram superados do passado, a escolha em continuar crescendo, melhorando e de buscar a evolução é, e sempre será a Parte Boa da qual ninguém deve abrir mão em sua jornada terrena. 

Sergio Bosco

Bacharel em Teologia pela PUC-SP com Extensão universitária em Doutrina social da Igreja pela Faculdade Dehoniana de Taubaté. Escritor, pesquisador e ensaísta.

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