O som oculto do grande sino de São Pedro emociona peregrinos no Jubileu

Durante o Jubileu, os peregrinos que entram no pórtico da Basílica de São Pedro encontram uma experiência sonora inédita. A instalação “Ecos silenciosos do grande sino”, do artista americano Bill Fontana, revela os sons ocultos do maior sino do Vaticano. O projeto foi apresentado nesta semana no Museu MAXXI, em Roma.

Fontana usou sensores de última geração para captar as microvibrações internas do sino, normalmente imperceptíveis. Pois ele transformou essas vibrações em uma escultura sonora invisível, espalhada por 12 alto-falantes de terceira geração. Desde 16 de fevereiro, os visitantes escutam essa “orquestra celestial” ao passar pelo pórtico da basílica, o que amplia a mensagem espiritual do Jubileu.

Três vezes ao ano

De acordo com o Vatican News, o grande sino de São Pedro, um dos mais imponentes da Itália, normalmente soa apenas três vezes ao ano: no Natal, na Páscoa e na festa de São Pedro e São Paulo. No entanto, o embaixador Umberto Vattani, criador e curador do projeto ao lado de Valentino Catricalà, teve uma ideia ousada. Ele afirmou: “Queríamos ouvir o sino quando todos achavam que ele estava em silêncio. Mostramos que ele tem voz, e ela agora se faz ouvir”.

O som também ecoará fora do Vaticano. Visitantes do pavilhão da Santa Sé na Expo de Osaka poderão escutá-lo enquanto observam a Deposição de Caravaggio, levada pelos Museus Vaticanos.

Durante a apresentação, o cardeal José Tolentino de Mendonça, prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação, destacou o impacto espiritual da obra. “Esse som desperta a escuta. Primeiro ouvimos o sino, depois aprendemos a escutar o mundo com mais sensibilidade”, afirmou. Para ele, a vibração que o sino emite remete à presença divina no silêncio e torna visível o invisível.

Esperança, fé e coragem para a humanidade

A presidente da Fundação MAXXI, Maria Emanuela Bruni, e o diretor do Instituto Italiano de Enciclopédia, Massimo Bray, também participaram do evento. Bray apresentou um volume especial dedicado ao projeto, publicado pela Treccani.

Fontana uniu arte e tecnologia para criar uma obra que vai além da estética. Ele nos ensina a parar, escutar e perceber que o silêncio carrega mensagens profundas. Para o cardeal Mendonça, esse projeto nos lembra que o mundo, mesmo em meio ao ruído, continua habitado pelo Espírito.

“O Jubileu, pela primeira vez, leva sua mensagem para além das igrejas romanas”, disse Vattani. “Essa instalação transmite esperança, fé e coragem para toda a humanidade, que tanto precisa de sinais positivos”.