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O passado controverso de Papa Francisco durante a ditadura militar argentina
Durante a ditadura militar na Argentina, entre 1976 e 1983, o então padre jesuíta Jorge Mario Bergoglio, hoje Papa Francisco, enfrentou uma das maiores polêmicas de sua trajetória religiosa. Na época, ele atuava como superior provincial da Companhia de Jesus na Argentina, com grande responsabilidade sobre as atividades dos jesuítas no país.
O episódio mais delicado ocorreu em 1976, quando os padres jesuítas Orlando Yorio e Francisco Jalics foram sequestrados pelas forças armadas argentinas. Ambos trabalhavam em comunidades pobres e, por isso, eram vistos com desconfiança pelos militares. Pois críticos acusaram Bergoglio de não fazer o suficiente para protegê-los, e até mesmo de ter retirado o respaldo institucional da Igreja à missão dos dois, o que os teria deixado mais vulneráveis à repressão.
Fim das suspeitas e reconciliação
Bergoglio, entretanto, sempre negou qualquer colaboração com o regime. Em diversos relatos posteriores, afirmou que agiu discretamente para garantir a libertação dos dois padres. Ele teria intercedido diretamente com os líderes da ditadura, incluindo o general Jorge Videla e o almirante Emilio Massera. Os dois padres, contudo, foram libertados após cinco meses de cativeiro.
Anos mais tarde, Francisco Jalics declarou publicamente que ele e Yorio não foram denunciados por Bergoglio, encerrando assim boa parte das suspeitas. O reencontro entre Jalics e Francisco, já como Papa, reforçou a reconciliação e ajudou a reduzir o peso da polêmica sobre sua imagem.
A controvérsia, embora marcante, não impediu sua ascensão dentro da Igreja. Bergoglio foi nomeado bispo auxiliar em 1992, arcebispo de Buenos Aires em 1998 e cardeal em 2001. Em 2013, foi eleito Papa, adotando o nome Francisco. Pois seu pontificado destacou-se por uma abordagem pastoral baseada na humildade, na justiça social e na abertura ao diálogo.
O período da ditadura militar na Argentina
A ditadura militar argentina foi um dos períodos mais sombrios da história do país. Iniciada em 1976 com um golpe de Estado, o regime perseguiu, sequestrou, torturou e matou milhares de opositores políticos. Estima-se que cerca de 30 mil pessoas tenham desaparecido nesse período.
A Igreja Católica teve uma postura ambígua durante o regime. Ainda que alguns religiosos colaborassem com os militares, outros, como os padres sequestrados, atuaram junto aos pobres e foram vítimas da repressão. Em suma, Bergoglio ficou em uma posição delicada, tentando equilibrar sua autoridade institucional com o risco de perseguições e mortes.
FAQ sobre o Papa Francisco e a ditadura argentina
Quem foram os padres sequestrados na ditadura argentina?
Orlando Yorio e Francisco Jalics, jesuítas que atuavam em comunidades pobres.
Qual era o cargo de Bergoglio na época?
Ele era o superior provincial da Companhia de Jesus na Argentina.
O Papa Francisco colaborou com a ditadura?
Ele nega qualquer colaboração e afirma que intercedeu pela libertação dos padres.
O que Francisco Jalics declarou sobre o caso?
Disse que nem ele nem Yorio foram denunciados por Bergoglio.
A polêmica impediu a eleição de Bergoglio como Papa?
Não. Ele foi eleito Papa em 2013 e ganhou respeito global por sua liderança.
Rogério Victorino
Jornalista especializado em entretenimento. Adora filmes, séries, decora diálogos, faz imitações e curte trilhas sonoras. Se arriscou pelo turismo, estilo de vida e gastronomia.
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