Divaldo Franco falece aos 98 anos e deixa um legado espiritual imenso

Na noite desta última terça-feira, 13 de maio de 2025, desencarnou em Salvador, aos 98 anos, Divaldo Pereira Franco — um dos nomes mais importantes e reconhecidos do espiritismo contemporâneo. Sua morte ocorreu em casa, na sede da Mansão do Caminho, após complicações causadas por um câncer de bexiga, diagnosticado no final de 2024.

O falecimento de Divaldo se deu por volta das 22h45, em um momento de serenidade e amparo espiritual. A data não passou despercebida pelos seus seguidores: 13 de maio é também o Dia dos Pretos Velhos — entidades da Umbanda associadas à sabedoria ancestral e à cura espiritual —, simbolizando o encerramento de um ciclo de vida marcado por humildade, serviço e devoção.

Uma vida dedicada ao próximo

Divaldo nasceu em 5 de maio de 1927, em Feira de Santana (BA), sendo o caçula de 13 irmãos. Desde cedo apresentou sinais de mediunidade e, ao longo da juventude, passou a estudar as obras de Allan Kardec. Em Salvador, iniciou sua atuação como orador e dirigente espírita ainda nos anos 1940, ganhando reconhecimento por sua didática clara, firmeza moral e profunda espiritualidade.

Em 1952, ao lado de seu grande amigo Nilson de Souza Pereira, fundou a Mansão do Caminho, instituição que se tornaria uma das mais respeitadas obras sociais vinculadas ao espiritismo no Brasil. Ao longo das décadas, a Mansão cresceu, acolheu milhares de crianças e adolescentes, e se consolidou como um espaço de amparo integral: educacional, médico, espiritual e afetivo.

Obra psicográfica e doutrinária

Divaldo psicografou mais de 260 livros, entre romances, mensagens e estudos, com autoria atribuída a espíritos como Joanna de Ângelis, Manoel Philomeno de Miranda, Amélia Rodrigues, Vianna de Carvalho e muitos outros. Suas obras, traduzidas para mais de 15 idiomas, venderam mais de 10 milhões de exemplares, e os direitos autorais sempre foram integralmente revertidos para ações filantrópicas.

Além da literatura, seu trabalho como orador espírita internacional se destacou: proferiu cerca de 20 mil conferências em 71 países, participou de congressos da ONU, universidades e eventos inter-religiosos, sempre difundindo os valores da paz, da ética, do autoconhecimento e da caridade.

A Mansão do Caminho: legado em ação

Instalada no bairro Pau da Lima, em Salvador, a Mansão do Caminho é um verdadeiro complexo de assistência social e educação. A instituição conta com escolas, creches, centros de saúde, bibliotecas, editora própria, auditório para palestras e templos ecumênicos. Mais de 600 crianças são atendidas diariamente com educação integral e apoio familiar.

A filosofia da Mansão vai além da caridade pontual: promove o desenvolvimento humano com base no amor, na dignidade e na transformação espiritual. O projeto também formou centenas de trabalhadores sociais e evangelizadores ao longo dos anos.

Desencarne, repercussão e homenagens

A notícia da morte de Divaldo Franco, confirmada na noite de terça-feira (13), causou forte comoção no Brasil e no exterior. Personalidades religiosas, culturais e políticas prestaram homenagens públicas. Centros espíritas de todos os estados organizaram correntes de oração, leituras do Evangelho e momentos de silêncio em sua memória.

Na manhã desta quarta-feira, 14 de maio, teve início o velório público de Divaldo, realizado no ginásio da Mansão do Caminho, das 9h às 20h. Milhares de pessoas passaram pelo local ao longo do dia, incluindo representantes de diferentes religiões e tradições espirituais. O clima, embora de luto, era de gratidão e reverência.

O sepultamento está previsto para quinta-feira, 15 de maio, às 10h, no Cemitério Bosque da Paz, em Salvador. A cerimônia será restrita à família e amigos próximos, mas contará com transmissão ao vivo para que admiradores em todo o mundo possam acompanhar.

O simbolismo da data de sua partida

O dia 13 de maio guarda um profundo simbolismo espiritual no Brasil. Além de marcar a abolição oficial da escravidão (Lei Áurea, 1888), é também o Dia dos Pretos Velhos, entidades que simbolizam paciência, sabedoria, humildade e poder de cura.

Para muitos espiritualistas, a passagem de Divaldo nesta data representa um elo espiritual com esse arquétipo de velhice sagrada e serviço desinteressado ao próximo. Sua fala sempre foi mansa, seu olhar, sereno, e sua presença inspirava respeito — características que aproximam seu espírito da simbologia ancestral celebrada nessa data.

O espírito segue a jornada

Divaldo Franco deixa uma marca indelével na história do espiritismo e da assistência social no Brasil. Mais do que suas obras ou feitos, seu maior ensinamento talvez tenha sido sua própria vida: coerente, discreta, resiliente, sempre a serviço do bem maior.

Para os que creem na continuidade da vida após a morte, sua missão terrestre se encerra com êxito, e seu espírito agora segue novos caminhos na pátria espiritual, amparado por aqueles a quem tanto serviu.

FAQ – Perguntas Frequentes sobre Divaldo Franco

Quem foi Divaldo Franco?

Foi um médium, educador e orador espírita baiano, atuante desde os anos 1940, fundador da Mansão do Caminho e autor de centenas de livros psicografados.

Quando e como ele faleceu?

Faleceu em 13 de maio de 2025, aos 98 anos, em Salvador (BA), em decorrência de falência múltipla dos órgãos após um câncer de bexiga.

Qual sua principal obra material?

A Mansão do Caminho, instituição filantrópica fundada em 1952 que oferece educação e assistência a centenas de pessoas diariamente.

Quantos livros Divaldo psicografou?

Mais de 260 livros, traduzidos para dezenas de idiomas, com direitos autorais revertidos para obras sociais.

Qual o significado espiritual da data de seu falecimento?

Divaldo faleceu em 13 de maio, Dia dos Pretos Velhos, figuras espirituais que representam humildade, sabedoria e caridade — virtudes presentes em toda a sua trajetória.