O poder do Tarot: entre verdades ou mitos

Desvende os mitos sobre o Tarot, entenda sua verdadeira essência e descubra como ele pode ser uma ferramenta poderosa de autoconhecimento.
O poder do Tarot: entre verdades ou mitos
Foto: Era Sideral / Direitos Reservados

O Tarot é uma ferramenta milenar que fascina pela sua enorme profundidade simbólica e pelo mistério que o envolve. No entanto, ao longo dos séculos, diversos mitos e crenças exageradas ou mesmo inventadas, algumas até prejudiciais, foram atribuídos a ele, muitas vezes distorcendo a sua verdadeira essência de luz e orientação.

Para além de um simples oráculo ou prática esotérica, o Tarot deve ser visto como um recurso poderoso de reflexão, autoconhecimento e principalmente orientação, capaz de ajudar as pessoas a navegarem pelos desafios e possibilidades da sua vida, com auxílio de algo realmente misterioso que consegue aceder aos mistérios do tempo e do espaço. Não para lhes dizer o que fazer, mas antes para que você possa entender o que esperar da vida, quais as probabilidades que se podem abrir à sua frente, e sabendo isso, escolher se você pretende seguir no mesmo rumo ou se prefere mudar. Orientando sem condicionar.

Essa visão holística mas racional do Tarot, alinha-se perfeitamente com os conceitos da psicologia, como os arquétipos descritos por Carl Jung, que olhava o Tarot como uma expressão de símbolos universais presentes no inconsciente coletivo, e entendidos e explicados pela psicologia, e, muitos foram também os estudiosos que viram no Tarot a útil ferramenta que ele, na realidade é – de conhecimento e preparação que pode oferecer a você a oportunidade da escolha consciente. Ainda assim, os mitos em torno do Tarot podem criar barreiras significativas, afastando aqueles que poderiam beneficiar desta ferramenta, pelos receios infundados ou interpretações equivocadas que dele foram fazendo ao longo dos anos e desmistificar essas ideias é essencial para trazer o Tarot à luz da compreensão, promovendo seu uso como instrumento positivo e esclarecedor.

Como o medo silenciou uma linguagem universal

Durante os séculos em que a Inquisição governava com mãos de ferro, qualquer prática que escapasse ao controle da Igreja era vista como uma ameaça, e, o Tarot, que em sua origem era apenas um jogo renascentista, muito usado entre a nobreza nas cortes, acabou envolto em suspeitas e histórias de traição, quando passou a ser associado a simbolismos esotéricos e até demoníacos. Para a mentalidade dos Inquisidores, que via o mundo em termos de luz e trevas, e constantemente procurava bodes expiatórios para acusar quem desafiasse a igreja, viu aqui uma grande oportunidade e o Tarô foi rapidamente classificado como algo obscuro, ligado à heresia e, em muitos casos, à bruxaria.

A repressão violenta e as práticas associadas ao Tarot resultou na destruição de baralhos, livros e no silenciamento de seus estudiosos. Essa perseguição não apenas afastou o Tarot do cotidiano, mas também criou um legado de preconceitos e estigmas que ainda persistem. A ideia de que o Tarot é perigoso ou maligno tem suas raízes nesse contexto histórico de medo e censura e esta associação, apesar de completamente errada, foi imediatamente difundida e custou a vida a muitos entusiastas e estudiosos do Tarot. Baralhos foram banidos, práticas foram condenadas, livros queimados e a própria ideia de utilizar as cartas como ferramenta de reflexão ou autoconhecimento foi manchada, naturalmente, pelo medo.

O Tarot, que nada mais era do que um espelho simbólico da alma humana, foi empurrado para os subterrâneos da sociedade, sobrevivendo apenas em círculos fechados e longe dos olhos da autoridade religiosa. Realmente nessa época ele aproximou-se de algumas seitas onde apenas secretamente podia ser usado devido às circunstâncias do momento, apesar de não ter essa origem de negatividade, a própria sociedade ao bani-lo, obrigou-o a enveredar por esse caminho, de onde só há relativamente pouco tempo, está a conseguir emergir e voltar de novo à luz de ser usado como ferramenta positiva e de luz, como na realidade, sempre foi.

Então, essa repressão não apenas afastou o Tarot da normalidade, mas criou um legado de preconceito e incompreensão que ainda ecoa nos dias de hoje. A Inquisição, ao tentar apagá-lo, deu origem a mitos e estigmas que obscureceram sua verdadeira essência: uma linguagem simbólica rica, capaz de iluminar as questões mais profundas da existência humana, abrindo caminho para uma clareza mental que só vai auxiliar você na tomada de decisões, com mais segurança e verdade.

A importância de perder o medo

Desmistificar o Tarot é um passo essencial para torná-lo acessível e compreendido como ele realmente é: uma ferramenta de vida que usa a linguagem simbólica da psicologia, e que reflete aspetos internos e externos da experiência humana, como o próprio nome indica, ele ajuda na nossa Rota de vida. Reconhecer sua simplicidade complexa – a capacidade de traduzir questões profundas de maneira prática – é resgatar seu verdadeiro propósito. Vamos então abordar neste artigo as principais verdades e mitos que cercam o Tarot, destacando a sua relevância como instrumento de orientação na vida cotidiana e promovendo uma visão clara e descomplicada para quem deseja explorar esse universo fascinante, seja como consulente, seja para se iniciar nos seus estudos de forma séria e comprometida.

Rever e repor a verdade sobre estes mitos ajuda a tornar o Tarot mais acessível e menos cercado por tabus, pois ao  entendê-lo como uma ferramenta reflexiva, você pode explorá-lo de forma mais confiante e aberta, sem medos ou preconceitos, e utilizá-lo para promover autoconhecimento e crescimento pessoal, assim como para entender as probabilidades que o esperam mais adiante, na vida, e assim, poder fazer as suas escolhas com mais consciência e toda a segurança ou ajudar os outros a fazê-las.

O mito de que Tarot é perigoso e invoca forças malignas

Muitas pessoas associam o Tarot a práticas ocultas que “abrem portais” para entidades malévolas ou energias negativas entrarem na nossa vida, como se de magia se tratasse. Nada podia ser mais errado, pois isso, é fruto de preconceitos históricos e culturais com origens no culto do medo, como já vimos, quando imperava a Inquisição.

O Tarot, por si só, é apenas um conjunto de cartas com ilustrações simbólicas, que nos orientam com mensagens, que em cada uma das cartas nos são apresentadas, então a sua interpretação depende da capacidade intuitiva e lógica do leitor e do contexto em que é usado. Assim como a arte ou a literatura, o Tarot reflete o estado mental e emocional de quem o utiliza, sendo apenas uma ferramenta que promove reflexão e autoconhecimento, no limite a orientação de um outro e não um canal para invocação de forças sobrenaturais. Os guias que auxiliam na sua leitura e compreensão nada mais são do que os nosso guias diários, que devemos pedir ajuda para leituras mais claras e assertivas, sendo assim importante estudar e aprofundar a sua própria intuição, que é o portal de luz onde você se comunica com o seu guia e este, com o próprio Universo. Usá-lo de forma responsável e com intenções claras e positivas, elimina qualquer receio infundado, que nada tem a ver com forças malignas.

O mito de que só se pode usar o Tarot se alguém o “iniciar” ou presentear o baralho

Há um mito persistente de que você só pode começar a trabalhar com o Tarot se ganhar um baralho de presente ou se for iniciado por alguém experiente. Essa ideia provavelmente surgiu para criar uma aura de exclusividade em torno desta prática, mas não possui qualquer fundamento histórico ou sequer real. Qualquer pessoa pode comprar um baralho, estudar os símbolos e começar a explorá-lo por conta própria, o que acontece é que como em qualquer arte que você pretende aprofundar, deve realmente escolher um bom professor e apoiar-se na experiência de quem sabe, mas não é obrigatório, muito menos a crença de que um baralho só funciona se for oferecido.

A conexão com o Tarot constrói-se através do estudo, da prática e de alcançar um grau elevado de intuição e capacidade visão, independentemente de como você adquiriu as cartas. Há realmente algumas regras base, traços essenciais para manusear os arcanos, comunicar-se com o Universo e conseguir boas leituras, que como em qualquer outro curso, requer compromisso e empenho da parte de quem estuda, e deve ser aprendido e trabalhado, de preferência com um bom mentor.

O Mito de que o Tarot tem respostas definitivas e inquestionáveis

Uma das crenças mais populares e erradas sobre o Tarot é a falsa ideia de que ele pode prever o futuro de forma fixa e inalterável. Provavelmente isso acontece devido ao fascínio humano pela ideia de conhecer o destino e até de o poder prever, mas o Tarot não funciona como um roteiro final da vida, pois não existem bolas de cristal no Tarot, nem o futuro é algo imutável. Pode sim indicar momentos da sua vida que não podem ser mudados, mas regra geral, ele ajuda na tomada de decisões para realizar as mudanças que você tem na sua vida.

Ele é, na verdade, uma ferramenta de reflexão e orientação, que dá a você a ideia das probabilidades que tem à sua frente, ele diz-lhe o que é mais provável acontecer se continuar pelo caminho que está, e é realmente muito útil saber as prioridades dentro das possibilidades que você tem, pois se você não estiver contente com o caminho para onde se encaminha, pode sempre alterar a sua rota. Cada carta ou arcano, quando lido por quem sabe e entende a mensagem de cada um em cada momento, apresenta simbolismos que ajudam você a identificar padrões, tendências e possibilidades com base na energia ou nas circunstâncias do momento presente, e que invariavelmente o vai ajudar a tomar as suas decisões e fazer escolhas para o futuro com mais segurança e consciência.

Por exemplo, se uma pessoa procura no Tarot respostas sobre sua vida amorosa, as cartas podem revelar aspetos a serem trabalhados, tendências para o futuro próximo e até possíveis desafios que você tem pela frente, para dessa forma se poder preparar ainda melhor. No entanto, o futuro é moldado por escolhas, mudanças internas e eventos externos que podem alterar o curso previsto. O Tarot, então, como já vimos, age como um guia, encorajando o consulente a tomar decisões conscientes em vez de se conformar a um destino fixo.

o mito de que é necessário ter um dom especial para ler o Tarô

Esse mito perpetua a ideia de que a leitura de Tarot é algo reservado a poucos escolhidos ou indivíduos com habilidades sobrenaturais, como se de um dom se tratasse, e por um lado não deixa de ser verdade, pois em todas as profissões, nota-se quem nasceu quem uma espécie de dom para as realizar, mas isso aplica-se a qualquer área, desde professor a médico, florista ou dançarino.

Embora a intuição desempenhe um papel extremamente importante no processo, a leitura do Tarô é uma habilidade que pode ser aprendida por qualquer pessoa interessada, pois na verdade a intuição é como um músculo, que toda a gente nasce com ela, de forma mais ou menos ativa, e pode sempre ser trabalhada e potenciada, com as ferramentas certas. A prática, o estudo e a conexão pessoal com as cartas e os seus guias, são os elementos essenciais para uma leitura significativa, e naturalmente dominar as técnicas e o significado das cartas. Nos meus cursos, por exemplo, gosto de referir o uso dos três baralhos: O físico, o mental e o intuitivo, todos num só, se queremos fazer boas leituras.

Entender o simbolismo de cada carta, no fundo a parte técnica ou física, explorar diferentes métodos de interpretação e focar o nosso estudo num da nossa preferência, que pode ir dos arquétipos da psicologia, ao estudo da numerologia, da cromoterapia, astrologia. Pois o Tarot e os seus símbolos têm praticamente infinitas conexões. Também, é essencial exercitar a sensibilidade e a capacidade de ver além do que é dito, para capturar nuances nas perguntas feitas pelo consulente e nas respostas dadas pelo Universo. Estes são passos que qualquer pessoa pode desenvolver, depois na base temos o trabalho de autodescoberta que deve ser feito pelo aspirante a tarólogo, que requer aumentar as suas capacidades de poder pessoal, segurança em si e nos outros, confiança, neutralidade, assertividade e claro, autoestima.

O terapeuta deve assim possuir internamente, aquilo que o consulente procura, que se resume basicamente a um grande equilíbrio, então podemos concluir que estudar esta arte pode mesmo mudar a sua vida para melhor, pois você terá de trabalhar em si características que já tem, mas que podem e devem ser aumentadas e melhoradas. Assim como aprender a tocar um instrumento ou praticar um desporto, a leitura de Tarot requer dedicação, tempo, empenho, prazer e curiosidade. Embora alguns indivíduos tenham maior afinidade natural, que se pode dizer que já nasceram com esse jeito natural, a maestria é acessível a todos os que se comprometem a estudar, aprofundar e praticar esta arte, que faz você trabalhar e melhorar, várias áreas do seu Ser.

O mito de que o Tarot tem origens no antigo Egito

A ideia de que o Tarot tem suas raízes no Antigo Egito é uma narrativa fascinante, mas historicamente infundada. Essa crença foi popularizada no século XVIII por ocultistas europeus como Antoine Court de Gébelin, que argumentou que o Tarot era um remanescente dos mistérios egípcios antigos. No entanto, pesquisas históricas e académicas não encontraram evidências que sustentem essa teoria.

Muitos são também os que afirmam, que as cartas surgiram na Índia, na Pérsia ou na China, outros dizem que foram trazidas para o Ocidente pelos Ciganos ou pelo regresso dos Cruzados, ou ainda que eram um instrumento Árabe ou Mongol que chegou à Europa aquando das suas invasões. Alternativamente, há quem afirme que estas cartas nada têm a ver com o Oriente e foram criadas na Europa. A verdadeira origem das cartas e do seu nome, no entanto, ficou perdida na obscuridade do tempo, o que é verdade, é que ninguém sabe ao certo a sua verdadeira origem, e será que é mais importante saber de onde vêm ou para onde se encaminham?

As primeiras referências ao Tarot, na Europa, datam das décadas de 1370 ou 1380 e, mesmo nessa altura, as suas origens já eram um mistério. O Irmão John, um monge de Brefeld, na Suíça, escreveu sobre elas, referindo que um certo jogo, onde o estado do mundo como o conhecemos, está excelentemente descrito e representado por figuras chegou às suas mãos, mas também ele afirma que se encontrava ignorante quanto à sua origem ou proveniência.

Algumas referências mais consistentes sobre o Tarot surgiram na Itália renascentista, no século XV, referindo-se a ele, como um jogo de cartas conhecido como tarocchi. Os primeiros baralhos de Tarot que estão documentados, como o Visconti-Sforza, eram ricamente ilustrados e usados principalmente para entretenimento e não só para fins divinatórios, tanto na corte italiana quanto francesa. Foi muito tempo depois que o Tarot passou a ser associado ao misticismo e ao ocultismo, em grande parte devido à interpretação criativa de estudiosos e místicos que procuravam conectar as cartas com as tradições ocultas, mais antigas. O verdadeiro poder do Tarot, entretanto, está na sua capacidade de adaptação e ao simbolismo universal, e não em origens mitológicas.

Carla Duarte

Há 30 anos, ajudo pessoas a se reconectarem com sua essência através do Tarot e do autoconhecimento, oferecendo consultas e formações inspiradoras para uma vida mais equilibrada e consciente.

Especialidades: Astrologia, Coaching, Meditação, Tarot

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