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Tarô: origem, história e mistérios das cartas com alma
Ao contrário do que se poderia supor, o tarô não nasceu da névoa mística dos ocultistas ou da procura pelo sobrenatural, mas foi fruto de uma invenção mundana, quase trivial, e que, com o tempo, se imortalizou ao se impregnar de significados.
Posteriormente, em algum ponto do tempo, as cartas do tarô se tornaram algo mais do que simples peças de um jogo e passaram a ser encaradas como portadoras de segredos, símbolos de um mistério que ultrapassa o entendimento imediato.
E, embora muitos conheçam o tarô apenas como uma ferramenta de adivinhação ou como um passatempo místico, sua origem está interligada ao pragmatismo e à criatividade das cortes renascentistas.
Para compreender a verdadeira essência desse baralho, é preciso explorar suas origens, que vão muito além dos simples arcanos e números que hoje nos parecem familiares.
Mas como um simples jogo de cartas medieval se transformou em um símbolo com o qual nos relacionamos de forma quase religiosa, como uma chave para a compreensão do nosso ser e das complexas relações com o destino?
A resposta não reside apenas nos fios da história, mas na extraordinária capacidade humana de imbuir o banal de profundidade e significados imponderáveis.
Tarô: origens
Na Itália do século XV, mais precisamente nas luxuosas cortes de Milão e Ferrara, o tarô nasceu como tarocchi, um jogo de cartas. Um passatempo, sim, mas também um reflexo das tensões culturais e intelectuais da época.
Este jogo não era pensado para ser um oráculo; ao contrário, ele era uma forma de entretenimento — mas não um entretenimento qualquer. Ao invés das cartas comuns de baralho, o tarocchi era mais elaborado, uma estrutura complexa, dividida em 78 cartas. Destas, 22 eram denominadas Arcanos Maiores, e cada uma delas carregava imagens poderosas como “A Lua”, “A Torre”, “O Carro”, “O Papa“, “A Imperatriz”, símbolos profundamente enraizados na filosofia medieval e na iconografia cristã.
Juntas, essas imagens formavam um jogo de espelhos, um reflexo de um mundo medieval em constante transformação.
Os Arcanos Menores, por sua vez, possuem uma história ainda mais enraizada nas trocas culturais entre o Oriente e o Ocidente. Eles derivam dos baralhos Mamluk, comuns no Egito do século XIII, e chegaram à Europa por meio das rotas comerciais controladas pelos mercadores muçulmanos. Esses baralhos foram a semente dos naipes que hoje conhecemos — copas, espadas, paus e ouros.
Em suma, em sua origem, o tarô era mais uma forma de entretenimento do que um objeto de contemplação espiritual. Não se tratava de prever o futuro, mas de refletir o espírito da época, o jogo de cartas como um microcosmo do mundo.
Contudo, as cartas, ao longo do tempo, deixaram de ser um mero artefato do passatempo da elite para se tornar algo mais: um veículo de introspecção.
Antoine Court de Gébelin e Jean-Baptiste Alliette
Foi no final do século XVIII, na efervescência da Revolução Francesa e do Iluminismo, que o tarô foi transformado de um passatempo aristocrático em um símbolo esotérico. Antoine Court de Gébelin sugeriu que o tarô era uma herança dos antigos egípcios, uma teoria ousada e sem respaldo histórico, mas fascinante.
Jean-Baptiste Alliette, conhecido pelo pseudônimo Etteilla, desenvolveu ainda mais essa visão, publicando baralhos e manuais sobre a arte da cartomancia, consolidando o tarô como ferramenta de introspecção e adivinhação.
Das lendas esotéricas ao conhecimento humano
Ao longo do século XIX e início do século XX, o tarô se disseminou pelo mundo, adaptando-se às novas correntes filosóficas e psicológicas. Ele transcendeu seu início aristocrático e lúdico para se tornar um ícone de busca por um entendimento mais profundo sobre o destino e as escolhas humanas.
Hoje, o tarô permanece como um patrimônio cultural, uma peça que resiste à padronização do tempo, desafiando-nos a reimaginar nossa própria História e até a reescrever os enredos de nossas vidas.
O que o tarô tem a nos dizer? Talvez a única coisa que ele possa nos dizer com certeza seja que, por mais que busquemos respostas definitivas, os enigmas e as perguntas continuam a nos acompanhar, como as cartas que continuam sendo jogadas, não para encontrar respostas prontas, mas para reabrir o campo da investigação humana.
O tarô, então, prossegue em sua trajetória, sendo tanto herança histórica quanto ferramenta viva.
Não há uma resposta simples sobre o que ele é. E talvez a beleza do tarô resida justamente nesse mistério — ele permanece, como sempre foi, em constante transformação, convidando-nos a olhar para o mundo e, talvez, para o nosso próprio inconsciente, de uma maneira nova.
O que as cartas ainda têm a nos ensinar?
FAQ sobre “Tarô: origem, história e mistérios das cartas com alma”
1. Qual é o propósito original do tarô?
Inicialmente, o tarô era um jogo aristocrático criado para entretenimento nas cortes renascentistas italianas.
2. O tarô realmente tem origens no Egito Antigo?
Não, essa é uma teoria sem base histórica criada por Antoine Court de Gébelin.
3. Como o tarô se tornou uma ferramenta de introspecção?
Jean-Baptiste Alliette (Etteilla) popularizou o uso do tarô para cartomancia, conferindo-lhe novos significados introspectivos.
4. O tarô pode prever o futuro?
O tarô é usado principalmente para reflexão e autoconhecimento, não necessariamente para prever o futuro de maneira objetiva.
5. Por que o tarô continua sendo popular hoje em dia?
Porque ele explora questões humanas profundas e permanece um símbolo da eterna busca humana por respostas e significado.
Mântica Rhom
A sabedoria ancestral e o misticismo da cultura cigana em consultas que promovem o autoconhecimento e orientação espiritual através da cartomancia tradicional, do tarô e do baralho cigano.
Especialidades: Aromaterapia, Astrologia, Baralho Cigano, Fitoterapia, Florais, Numerologia, Radiestesia, Tarot
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