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Síndrome de Burnout: o que é, como se manifesta e como prevenir
Na intricada teia que entrelaça os nossos pensamentos, sentimentos e ambiente de trabalho, emerge uma sombra que assombra milhões de profissionais ao redor do mundo: Síndrome de Burnout ou Síndrome do Esgotamento Pessoal e Profissional. Este fenômeno, também conhecido como stress laboral ou esgotamento, vai além da esfera individual, revelando-se como uma resposta crônica à tensão emocional, com raízes profundas no desequilíbrio entre as demandas laborais e a capacidade de recuperação.
A maneira como nos relacionamos com a vida, o que sentimos ou pensamos acerca daquilo que se passa ao nosso redor, condiciona a atividade química do corpo. Tudo o que se manifesta em nós é consequência da própria concepção a respeito dos estímulos gerados, tanto pelo organismo quanto pelo meio externo.
Baseados em elementos interiores, interpretamos tudo e desenvolvemos determinados conceitos acerca do que nos acontece. Também geramos sensações, impulsos e sentimentos, que invadem o nosso ser, estabelecendo um determinado estado interno. Pode dizer-se até que tudo acontece de acordo com o que nós mesmos concebemos a respeito dos fatos.
De acordo com os pensamentos que cultivamos, são gerados os sentimentos. Os bons pensamentos geram sentimentos agradáveis; já os maus pensamentos provocam sentimentos ruins.
Gerir pensamentos controla emoções
Pensar positivamente desperta sentimentos favoráveis ao bom resultado, fortalece a segurança, reacendendo a “chama” da motivação. Consequentemente, pensamentos amorosos causam mais amor e assim, sucessivamente.
Os pensamentos representam um caminho para o sentimento. Pensar é investir energia naquilo que detém a nossa atenção, enquanto sentir é produzir energia, dando vida e significado a tudo o que existe.
Não conseguimos controlar os sentimentos diretamente, porém os pensamentos poderão ser coordenados por nós, por exemplo, através da Meditação. Eles (pensamentos), por sua vez, vão conduzir os sentimentos. Melhor dizendo, conseguimos interceder nos sentimentos por meio dos pensamentos. Portanto, quando algum sentimento negativo invadir o nosso ser, devemos evitar os pensamentos compatíveis com ele; com o tempo conseguimos transformá-lo ou minimizá-lo.
Os sentimentos agradáveis promovem uma boa condição orgânica, já os sentimentos negativos causam variações químicas do corpo, podendo inclusive ocasionar as doenças.
Esgotamento Profissional: As Raízes do Burnout
Mas quando fatores e condições externas impedem ou condicionam em grande medida esse equilíbrio podem surgir doenças como o burnout, também conhecido como stress laboral, ou esgotamento.
A Síndrome de Burnout é definida como uma reação à tensão emocional crónica, causada pela excessiva carga de trabalho, com o mínimo intervalo de tempo para se recuperar. São mais suscetíveis a entrarem em burnout as pessoas cujas atividades incluem frequentes interações com os outros, como por exemplo os profissionais da área de saúde, sobretudo enfermeiros ou professores.
Acontece sobretudo, a funcionários expostos a situações extremamente desgastantes, sem a mínima perspetiva de mudança no desenvolvimento das suas atividades.
De mãos atadas
Ao contrário do stress, que é ocasionado principalmente pela maneira como a pessoa se relaciona com o trabalho, o burnout é associado ao ambiente de trabalho, em que a dinâmica da organização adoece os seus funcionários, enfraquecendo o potencial de produtividade da equipa.
O que leva alguém a entrar em burnout é um conjunto de fatores que ocorre na interação do trabalhador com as condições de trabalho, como falta de instruções ou de recursos necessários para o bom desempenho das tarefas, baixas remunerações, ou excesso de cobrança por parte dos superiores, o que submete a equipa a altos níveis de stress.
Fator comum, é a sensação de que qualquer esforço por parte da pessoa é em vão. Para além de não se sentir valorizado pela empresa, o funcionário esgota também os seus próprios recursos internos, e os resultados obtidos são comprometidos, trazendo ao de cima ima sensação de impotência.
Um Olhar sobre o Ambiente de Trabalho
Por essa razão, esta condição deve ser tratada em conjunto com as empresas, pois as intervenções terapêuticas feitas isoladamente com os funcionários, não se mostram eficientes. Mesmo fazendo um bom trabalho com as pessoas, com o objetivo de resgatá-las da apatia, desinteresse ou cansaço pelo trabalho, quando voltam às suas atividades, expondo-se às mesmas situações, elas adoecem novamente.
O burnout pode então ser compreendido como produto de uma interação negativa entre o local de trabalho, a equipa e os clientes.
Diferencia-se do quadro stress, do qual a pessoa pode sair sozinha, se mudar, por exemplo, a sua maneira de encarar os problemas, a partir de uma reformulação interior, promovendo a autoconsciência. O burnout exige intervenções externas que englobam a ajuda de um especialista e também mudanças na dinâmica de trabalho da empresa.
Entre os sentimentos geradores de burnout, destacam-se:
- A indignação ou desesperança, seguidas de grandes decepções, que transforma a paixão pelo trabalho nem uma atuação meramente automática.
- A inutilidade e frustração, por não ser reconhecida a sua contribuição para a instituição, atribuindo-se pouca importância àquilo que se faz. Ou ainda, o quanto é inútil qualquer tentativa de fazer um bom trabalho
- A desqualificação, tanto de si mesmo quanto dos demais colegas de trabalho, falta de recursos materiais ou logísticos, gestão emocional ou informações adequadas para o exercício das profissões.
- O esgotamento ou a exaustão por serem submetidos a uma sobrecarga de trabalho, sem um período de descanso suficiente. Mesmo quando se afastam das atividades, não conseguem desligar-se das preocupações, que transbordam para a vida pessoal.
Covarde é aquele que se rende pelo próprio medo e não muda. Corajoso é aquele que tem medo, mas não desiste, nem se deixa vencer pelos seus temores. É preferível o fracasso de não ter conseguido à frustração por não ter tentado!
Paula Duarte
Professora de Yoga e Meditação, Terapeuta e Consultora de bem-estar feminino, especializada no acompanhamento de mulheres maduras e saúde integral. Fundadora do Tao - Centro de Yoga e Bem-Estar.
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