Endometriose: a voz do corpo e o grito da alma

A endometriose revela o grito do corpo por autocuidado e equilíbrio. Trate de cuidar de si e aliviar os sintomas com práticas conscientes.
Endometriose: a voz do corpo e o grito da alma
Foto: Canva

O corpo possui uma linguagem própria, uma forma de expressar o que, muitas vezes, silenciamos emocionalmente. Quando ignoramos nossas necessidades internas, ele encontra maneiras de chamar nossa atenção. Esse conceito se destaca em condições como a endometriose, em que o corpo “grita” através da dor, forçando a mulher a olhar para si mesma com mais profundidade.

A endometriose, ao ser analisada sob uma perspectiva emocional, revela um padrão comum: cuidar mais dos outros do que de si mesma. O útero, símbolo profundo de maternidade e criação, parece refletir essa dinâmica ao fazer o endométrio crescer fora de seu lugar natural. Pois esse tecido, que acolhe o embrião, invade outras áreas do corpo, como se tentasse “maternar” a própria mulher que negligencia o autocuidado. Esse desequilíbrio indica que algo está em desarmonia. A dor no útero é um chamado para observar a forma como nos tratamos. Muitas mulheres, movidas por um instinto amoroso, dedicam-se intensamente aos outros — filhos, parceiros, pais ou até colegas — e esquecem-se de cuidar de si mesmas. Para doar-se de forma saudável, precisamos primeiro estar bem com nós mesmas. Afinal, é impossível preencher o copo dos outros se o nosso está vazio.

O peso das expectativas sociais

A atitude de se colocar em último lugar é reforçada pelas expectativas culturais que pesam sobre as mulheres. Vivemos em uma sociedade que, muitas vezes de forma inconsciente, molda a mulher como cuidadora por excelência. A expectativa de que todas as mulheres sejam provedoras de cuidados, priorizem os outros e carreguem o “trabalho emocional” de apoiar quem está ao seu redor pode ser sufocante. Esse papel, contudo, enraizado em uma visão tradicional e machista, limita e sobrecarrega, muitas vezes sem que a mulher perceba o quanto essas exigências são opressivas.

Na endometriose, essa sobrecarga emocional e física reflete-se no corpo. O útero, um espaço de criação e vida, manifesta dor e desconforto, simbolizando a desconexão entre a mulher e suas próprias necessidades. As consequências são profundas: a dor constante pode limitar a vida social, reduzir a produtividade no trabalho e interferir nas relações afetivas, incluindo o ato sexual, devido à dispareunia. Em casos mais graves, entretanto, a endometriose pode até afetar a fertilidade.

Mulher moderna ou sobrecarregada?

Estudos apontam um perfil emocional comum em mulheres com endometriose. Elas tendem a ser ansiosas, autoexigentes e a enfrentar altos níveis de estresse. Por isso, a endometriose é muitas vezes chamada de “doença da mulher moderna,” associada a quem se divide entre carreira, família e responsabilidades sociais.

A ansiedade e o estresse impactam significativamente quadros de dor crônica, alterando a forma como a mulher percebe a dor e a si mesma. Não é raro que sintomas psicológicos, como depressão e alterações de humor, caminhem lado a lado com as dores físicas da endometriose. Cerca de 80% das mulheres que convivem com a endometriose crônica relatam também sintomas depressivos.

Priorize-se

Para aprender a lidar melhor com a endometriose, o caminho passa pelo autoconhecimento e pela reconexão com o corpo. Práticas como meditação e yoga ajudam a aliviar a dor e, mais importante, promovem o reequilíbrio das emoções e da relação consigo mesma. A solução, contudo, vai além do tratamento médico: envolve escolhas de autocuidado que priorizam o bem-estar e ajudam a reorganizar as prioridades da vida.

O autocuidado abrange desde atividades que promovem relaxamento e aliviam a dor até a decisão de colocar-se no centro do próprio cuidado. Colocar-se como prioridade é um passo essencial para viver de forma mais leve, com menos dor e mais qualidade.

FAQ — Endometriose

A endometriose é causada por fatores emocionais?
Embora a endometriose seja uma condição física, fatores emocionais e de estresse podem agravar os sintomas. A condição envolve aspectos fisiológicos e, muitas vezes, reflete a forma como a mulher lida com suas emoções e autocuidado.

A endometriose afeta a fertilidade?
Sim, em casos mais graves, a endometriose pode impactar a fertilidade. No entanto, muitos tratamentos médicos e abordagens integrativas ajudam a melhorar as chances de gravidez.

Como o autocuidado pode ajudar nos sintomas da endometriose?
O autocuidado ajuda a aliviar o estresse e a ansiedade, que podem intensificar a dor da endometriose. Práticas como meditação e yoga promovem o bem-estar emocional e físico.

A endometriose está associada a problemas psicológicos?
Sim, a endometriose pode estar associada a sintomas psicológicos, como depressão e alterações de humor, especialmente em casos de dor crônica. O suporte emocional é fundamental para uma qualidade de vida melhor.

Existem terapias naturais para aliviar a dor da endometriose?
Sim, terapias como yoga, meditação e o uso de óleos essenciais são algumas práticas naturais que podem ajudar a aliviar o desconforto e promover relaxamento.

A endometriose tem cura?
Atualmente, não há uma cura definitiva para a endometriose, mas tratamentos médicos, práticas integrativas e mudanças no estilo de vida podem ajudar a gerenciar os sintomas e melhorar a qualidade de vida.

Como posso saber se tenho endometriose?
Os sintomas mais comuns incluem dores intensas no período menstrual, desconforto durante relações sexuais e problemas digestivos. Um diagnóstico preciso requer consulta médica e exames específicos, como ultrassonografia transvaginal e ressonância magnética.

Paula Duarte

Professora de Yoga e Meditação, Terapeuta e Consultora de bem-estar feminino, especializada no acompanhamento de mulheres maduras e saúde integral. Fundadora do Tao - Centro de Yoga e Bem-Estar.

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