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O excesso de uso de telas na vida da criança e seus impactos no desenvolvimento
O avanço da tecnologia trouxe consigo o uso cada vez mais frequente de telas em nossas vidas. Smartphones, tablets, televisões e computadores passaram a ser ferramentas essenciais no cotidiano de muitos, principalmente após a pandemia de Covid-19. No entanto, o uso excessivo dessas telas pode trazer consequências não desejadas, especialmente no desenvolvimento infantil.
O impacto das telas na interação social e no desenvolvimento da fala
Durante os primeiros anos de vida, as crianças estão em plena aquisição da fala, aprendendo a se expressar por meio da interação com outras pessoas. Nessa fase crucial, elas começam a comunicar suas ideias, necessidades e emoções. No entanto, quando o uso de telas se torna excessivo, isso pode dificultar esse processo de expressão.
As telas, por sua natureza, são passivas e unidirecionais. Elas não oferecem o mesmo tipo de interação rica que uma conversa cara a cara. Quando as crianças passam muito tempo em frente às telas, elas deixam de interagir diretamente, ouvir e imitar sons e palavras. Essa falta de interação verbal pode atrasar o desenvolvimento da fala, dificultando tanto a compreensão quanto a expressão verbal. Aqui entra em cena a terapia fonoaudiológica.
O impacto no desenvolvimento social e emocional
Além de afetar a fala, o uso excessivo de telas também pode prejudicar o desenvolvimento social das crianças. A falta de interação direta com outras pessoas dificulta a aprendizagem de habilidades sociais e emocionais. Em minha clínica, por exemplo, tenho notado que quando estão sempre envolvidas com telas, as crianças perdem oportunidades de ler expressões faciais, gestos e sinais não verbais, essenciais para a comunicação interpessoal.
Essa ausência de interação social pode resultar em dificuldades para criar laços saudáveis com colegas, desenvolver empatia e lidar com conflitos. As crianças precisam de interações reais para aprender essas habilidades.
Uso equilibrado de telas: essencial para o desenvolvimento saudável
É importante destacar que o uso de telas em si não é prejudicial, desde que seja feito de forma equilibrada e com o monitoramento adequado por parte dos pais e cuidadores. Estabelecer limites para o tempo de tela é essencial para garantir que as crianças desenvolvam suas habilidades sociais e linguísticas de maneira saudável.
Recomenda-se que crianças com menos de 2 anos evitem o uso de telas. Para crianças mais velhas, é importante limitar o tempo em frente aos dispositivos, equilibrando com atividades como brincadeiras ao ar livre, leitura de livros e interações sociais com outras crianças.
Promovendo o desenvolvimento saudável
Em suma, para a fonoaudiologia, o uso excessivo de telas pode ter um impacto significativo no desenvolvimento da fala e nas habilidades sociais das crianças. É fundamental que pais e cuidadores estejam atentos aos efeitos negativos do uso excessivo dessas tecnologias e estabeleçam limites adequados. Promover interações verbais ativas e oportunidades de socialização é essencial para garantir que as crianças cresçam com habilidades linguísticas e sociais adequadas, preparadas para enfrentar os desafios do mundo real.
Rita Paula Cardoso
Fonoaudióloga clínica da infância, especializada no desenvolvimento da linguagem. No blog Fala Expressa aborda temas relacionados ao desenvolvimento da fala, linguagem, inclusão e bilinguismo.
Especialidades: Fonoaudiologia
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