Saúde menstrual é uma questão de dignidade humana: entenda os desafios e soluções

É comum buscar informações sobre saúde, mas pouco se fala sobre saúde menstrual. Para as mulheres, compreender a menstruação, os ciclos e os sinais que ela fornece é a melhor forma de monitorar a própria saúde de forma natural e contínua.

A menstruação já é reconhecida pelas ciências médicas como um sinal vital da saúde feminina. Portanto, entender esse processo não é um luxo, mas uma necessidade. O autoconhecimento não tem custo, mas sua ausência pode gerar consequências graves para a vida da mulher.

Para conquistar o autoconhecimento, uma das ferramentas essenciais é o acesso à informação de qualidade. Quanto maior o nível de literacia em saúde menstrual de uma população, maior a qualidade das políticas de saúde e sociais dessa sociedade.

Quando pensamos na palavra menstruação, muitos outros temas surgem automaticamente, como:

• tabu
• equidade
• pobreza menstrual
• dignidade menstrual
• políticas de saúde
• mitos e preconceitos
• vergonha e misoginia
• fisiologia e biologia
• culpa e dor

A menstruação não é apenas um processo fisiológico. Ela também reflete desigualdades sociais e de gênero.

Principais conceitos relacionados à saúde menstrual

O que é pobreza menstrual?

A pobreza menstrual se caracteriza pela falta de acesso a recursos, infraestrutura e conhecimento sobre menstruação. Esse problema afeta milhões de mulheres em situação de vulnerabilidade, tanto em áreas urbanas quanto rurais.

Muitas dessas mulheres não possuem banheiros adequados, itens de higiene ou informações básicas sobre saúde menstrual. Além disso, enfrentam tabus e desinformação, o que agrava ainda mais essa realidade.

O que é literacia em saúde?

A literacia em saúde menstrual refere-se à capacidade de acessar, compreender e aplicar informações sobre saúde. Dessa forma, mulheres podem tomar decisões mais seguras e conscientes sobre seus corpos, prevenindo doenças e melhorando sua qualidade de vida.

Quando um país investe na educação menstrual, ele reduz desigualdades e promove a autonomia feminina.

Educação menstrual: um direito fundamental

A educação menstrual vai muito além da prevenção da gravidez. Segundo a UNICEF, a educação sobre menstruação deve:

• Explicar o ciclo menstrual de forma acessível
• Desmistificar mitos e preconceitos sobre o corpo feminino
• Promover o bem-estar e a saúde ginecológica
• Incentivar o respeito e a dignidade menstrual para todas

Sem informação, meninas e mulheres permanecem presas a um ciclo de desigualdade e falta de autonomia sobre seus próprios corpos.

Os impactos da pobreza menstrual

Segundo relatórios da ONU e da UNICEF, os números da pobreza menstrual são alarmantes:

• 500 milhões de mulheres vivem sem acesso a itens de higiene menstrual
• Mais de 700 mil meninas não possuem chuveiro ou banheiro em casa
• Estudantes da rede pública perdem até 45 dias de aula por ano por falta de absorventes
• Muitas mulheres utilizam papel higiênico, jornais, panos e até miolo de pão para conter o fluxo menstrual
• Uma em cada quatro meninas já faltou à escola por não ter absorventes

A falta de dignidade menstrual prejudica a vida escolar, a produtividade e a saúde das mulheres. Sem acesso a absorventes e informações adequadas, meninas enfrentam obstáculos que as mantêm presas no ciclo da pobreza e da desigualdade de gênero.

Higiene menstrual e direitos humanos

A Organização das Nações Unidas (ONU) reconhece que o acesso a itens de higiene básica é um direito humano fundamental. Os Objetivos do Milênio, estabelecidos pela ONU, incluem metas específicas para a vida das mulheres, como:

• Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas
• Acabar com todas as formas de discriminação contra mulheres e meninas

Garantir a higiene menstrual digna não é apenas uma questão de saúde, mas também de justiça social e equidade de gênero.

Alternativas sustentáveis para a higiene menstrual

Muitas mulheres ainda utilizam absorventes descartáveis, sem conhecer opções mais sustentáveis, econômicas e saudáveis. Eu, por exemplo, não uso absorventes descartáveis há quase uma década. Essa escolha foi motivada pelos impactos ambientais, financeiros e de saúde.

A seguir, veja algumas alternativas sustentáveis para sua transição:

• Absorventes de pano: laváveis, reutilizáveis e disponíveis em estampas variadas
• Calcinhas menstruais: possuem forro absorvente e diferentes níveis de fluxo
• Coletor menstrual: feito de plástico cirúrgico, pode durar até 5 anos
• Disco menstrual: também feito de plástico cirúrgico, permite relações sexuais sem vazamentos
• Esponja natural: alternativa reutilizável e biodegradável
• Free bleeding: método que permite sangrar livremente, priorizando a conexão com o corpo

Essas opções não apenas reduzem impactos ambientais, mas também promovem uma relação mais saudável e consciente com a menstruação.

Impacto ambiental dos absorventes descartáveis

Segundo o Instituto Akatu, o impacto dos absorventes descartáveis no meio ambiente é gigantesco:

• Uma única pessoa pode usar até 15 mil absorventes ao longo da vida
• Esse lixo pode somar até 200 kg de resíduos por mulher
• Mais de 90% dos absorventes descartáveis são feitos de plástico e não podem ser reciclados

Se pararmos para refletir, veremos que cada absorvente descartado gera um impacto significativo no planeta. Agora, imagine o impacto positivo se todas as mulheres adotassem alternativas mais sustentáveis.

Como mudar essa realidade?

Pequenas ações individuais podem gerar grandes transformações. Veja como você pode fazer parte dessa mudança:

• Priorize produtos menstruais sustentáveis e compartilhe essa ideia com outras mulheres
• Apoie pequenas produtoras locais, fortalecendo o mercado de alternativas ecológicas
• Crie ou participe de projetos voluntários que ajudam meninas em situação de vulnerabilidade
• Desmistifique tabus sobre menstruação, promovendo informação acessível
• Cuide da sua relação emocional e espiritual com o ciclo menstrual, trazendo mais leveza para essa fase da vida

Juntas, podemos transformar a menstruação em um símbolo de dignidade, respeito e empoderamento.

Conclusão

A menstruação ainda é cercada por mitos e tabus, o que dificulta a disseminação de informações e prejudica meninas e mulheres que precisam de apoio.

Educação menstrual é uma questão de dignidade humana, e nem todas têm as mesmas oportunidades. Se você tem acesso à informação, use esse privilégio para aprender, compartilhar e ajudar outras mulheres.

A verdadeira espiritualidade começa pelo autocuidado e pelo respeito ao corpo. Nos vemos em breve, e lembre-se: compartilhe este artigo com as mulheres que você ama.

FAQ sobre dignidade e saúde menstrual

O que é pobreza menstrual?
É a falta de acesso a recursos, infraestrutura e informação sobre higiene menstrual.

Qual a relação entre menstruação e dignidade humana?
Sem acesso a absorventes e banheiros, muitas meninas perdem oportunidades educacionais e profissionais.

Como reduzir o impacto ambiental dos absorventes descartáveis?
Optando por alternativas como coletor menstrual, absorventes de pano e calcinhas menstruais.

O que fazer para ajudar mulheres em situação de pobreza menstrual?
Doe absorventes, participe de projetos sociais e incentive a educação menstrual.