A proibição de celulares nas escolas pode favorecer o desenvolvimento infantil?

Entenda como a proibição de celulares nas escolas pode beneficiar a linguagem, a audição e o foco das crianças.
A proibição de celulares nas escolas pode favorecer o desenvolvimento infantil?
Fotos: Canva

Menos telas e mais interações: por que essa medida pode ajudar na linguagem, na atenção e na saúde auditiva das crianças?

Primeiramente, nos últimos meses, muitas escolas passaram a restringir o uso de celulares em sala de aula. A medida, que inicialmente mirava os adolescentes, também convida pais e educadores a repensar o uso dos dispositivos entre crianças menores. Afinal, o celular se tornou um “companheiro” frequente em muitos lares, especialmente quando usado para entreter os pequenos — mas será que essa prática é inofensiva?

Como o uso precoce de celulares pode afetar o desenvolvimento infantil?

Embora os avanços tecnológicos tragam benefícios inegáveis, seu uso excessivo ou precoce pode impactar diretamente o desenvolvimento da linguagem, da audição e da atenção nas crianças. Veja por que isso merece atenção:

1. Atraso na fala e na linguagem

As crianças aprendem a se comunicar principalmente por meio da interação direta com os adultos. É nas conversas diárias, nas histórias contadas e nas brincadeiras com trocas verbais que elas expandem o vocabulário, entendem o ritmo da fala e desenvolvem a habilidade de escuta.

Quando passam longos períodos diante de telas, essas interações diminuem — e com elas, as oportunidades de aprender a linguagem de forma significativa. Muitos dos conteúdos digitais, além disso, não são adequados à faixa etária, o que prejudica ainda mais a aquisição da linguagem e da fala.

2. Prejuízos na saúde auditiva

Outro ponto de atenção é o uso de fones de ouvido ou o volume excessivo nos dispositivos. A exposição prolongada a sons altos pode causar danos auditivos, mesmo que sutis no início. E quando a audição é comprometida, mesmo que parcialmente, a criança tende a ter mais dificuldade para aprender a falar corretamente, compreender instruções e desenvolver habilidades escolares.

3. Redução da atenção e da escuta ativa

Vídeos curtos, jogos interativos e notificações constantes fragmentam o foco. Essa exposição contínua pode dificultar a capacidade da criança de se concentrar por mais tempo em uma conversa ou em uma atividade. O impacto vai além do comportamento: afeta diretamente o desenvolvimento da linguagem, já que compreender e responder a estímulos verbais exige atenção plena.

O que muda com a proibição nas escolas?

Com o ato de proibição de celulares nas escolas, cria-se uma oportunidade de retorno às interações presenciais, à escuta ativa e ao contato com a linguagem oral e escrita de forma mais rica e significativa. A escola passa a ser, novamente, um espaço de trocas humanas — e não de consumo de conteúdos solitários.

Esse movimento também pode inspirar mudanças dentro de casa. Afinal, quando os celulares deixam de ser usados na escola, os próprios pais tendem a refletir sobre a rotina de telas em casa. Esse é um passo importante para transformar o uso da tecnologia em algo consciente, equilibrado e saudável.

Como usar a tecnologia de forma mais saudável na infância?

  • Defina limites claros: estabeleça horários específicos para o uso de telas, evite o uso antes de dormir e durante as refeições.
  • Priorize conteúdos adequados: escolha vídeos e aplicativos educativos que incentivem a linguagem e a interação.
  • Evite o uso de fones de ouvido: oriente a criança a ouvir em volume baixo e em ambientes supervisionados. Quando possível, prefira o som ambiente.
  • Valorize a língua materna: mesmo que o conteúdo em outra língua pareça atraente, nada substitui a riqueza da linguagem que a criança usa para pensar e se expressar.
  • Promova mais interações presenciais: leia em voz alta, brinque, cante e converse com seu filho. Essas experiências têm valor insubstituível.

Mais do que limitar, é preciso ensinar

A proibição de celulares nas escolas não é um fim em si. É o início de um movimento mais amplo, que precisa envolver também as famílias. Quando adultos repensam o uso das telas com consciência e responsabilidade, abrem espaço para que a criança desenvolva, de fato, suas habilidades cognitivas, sociais e comunicativas.

Não se trata de demonizar a tecnologia, mas de colocá-la em seu devido lugar: como ferramenta, não como companhia. Afinal, é no encontro com o outro que a criança aprende a escutar, a esperar sua vez de falar, a nomear o que sente e a se conectar com o mundo.

FAQ sobre proibição de celulares nas escolas

Por que a proibição de celulares nas escolas ajuda no desenvolvimento infantil?
Porque reduz distrações, estimula interações presenciais e favorece o desenvolvimento da linguagem e da atenção.

O uso de fones de ouvido pode afetar a audição das crianças?
Sim. Volumes altos e exposição prolongada aumentam o risco de perdas auditivas, o que prejudica a fala e a compreensão.

Até que ponto a tecnologia pode ser positiva na infância?
Quando usada com moderação, supervisão e com conteúdos adequados, a tecnologia pode complementar o aprendizado.

Qual é o papel da fonoaudiologia nesse contexto?
Identificar atrasos na fala ou linguagem causados ou agravados pelo uso excessivo de telas e propor intervenções eficazes.

Como equilibrar tecnologia e interação humana no dia a dia?
Estabelecendo limites para o uso de telas, promovendo atividades off-line e valorizando a conversa e o brincar com os filhos.

Rogério Victorino

Jornalista especializado em entretenimento. Adora filmes, séries, decora diálogos, faz imitações e curte trilhas sonoras. Se arriscou pelo turismo, estilo de vida e gastronomia.

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