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Portugal quer penalizar mulheres que amamentarem por 2 anos ou mais?

Agosto Dourado
Neste ano, a Semana Mundial da Amamentação (#SMAM2025) tem como foco as mudanças climáticas e a proteção ao meio ambiente. O lema mundial deste ano é: “Priorizemos a Amamentação: Construindo Sistemas de Apoio Sustentáveis”.
A responsável pela campanha global é a World Alliance for Breastfeeding Action (WABA), e no Brasil, o Ministério da Saúde, as políticas públicas, diretrizes hospitalares e os Bancos de Leites Humanos (BLH) das redes hospitalares participam ativamente todos os anos.
Nos hospitais privados e públicos, é possível sentir a energia ao entrar: “Agosto Dourado chegou!”. Criam-se ambientes acolhedores para estimular a adesão à amamentação e promover o apoio da sociedade em torno desse ato de amor.
O Agosto Dourado foi criado para incentivar a amamentação, capacitar os profissionais de saúde e promover ações em prol da amamentação. Infelizmente, é triste que, neste mês simbólico, Portugal tenha uma fala tão negacionista e intervencionista sobre esse ato natural e de amor.
Recomendações atuais sobre amamentação
Atualmente, diversas organizações nacionais e internacionais, como a Organização Mundial de Saúde (OMS), a Organização Panamericana de Saúde (OPAS), o Sistema Nacional de Saúde de Portugal (SNS) e a UNICEF, entre outras, recomendam:
1. Quando iniciar a amamentação?
- Na golden hour ou hora de ouro, que é a primeira hora após o parto. Nesse período, o bebê está mais ativo e pronto para aprender a nova jornada de alimentação.
2. Até quando o bebê pode ser amamentado exclusivamente no seio materno?
- Até os seis primeiros meses de vida. Durante esse tempo, não é recomendado dar chá, água ou outros alimentos, já que o leite materno contém todos os nutrientes necessários para o bebê.
3. Até quando posso amamentar? Existe um período máximo?
- Não há prazo máximo para amamentar, desde que mãe e bebê se sintam confortáveis. As recomendações dizem: “Amamentar por dois anos ou mais”. Após os seis meses, a amamentação será complementar.
4. Estou grávida, posso continuar a amamentar?
- Não há contraindicações absolutas para amamentar durante a gravidez, embora a mulher possa perceber mudanças na quantidade ou na aparência do leite.
Benefícios cientificamente comprovados da amamentação (inclusive por mais de 2 anos)
1. Redução da morbimortalidade infantil
- A amamentação é amplamente reconhecida por reduzir doenças e mortes infantis, especialmente em casos de diarreia e problemas respiratórios. Ela é a ação isolada que mais previne mortes na primeira infância.
2. Redução do risco de câncer de mama nas mães
- Amamentar reduz os níveis de hormônios como o estrogênio, que favorecem o crescimento de células cancerígenas. A cada ano de amamentação, essa proteção aumenta em cerca de 4%.
3. Redução do risco de obesidade na infância e vida adulta
- A amamentação é fundamental na prevenção da obesidade, com efeitos positivos tanto na infância quanto na vida adulta. A cada ano de amamentação, o risco diminui ainda mais.
4. Aumento do vínculo entre mãe e bebê
- A amamentação favorece a liberação de ocitocina, o famoso “hormônio do amor”, que ajuda a fortalecer o vínculo entre mãe e filho.
5. Redução do risco de diabetes para as mães
- O aleitamento materno melhora a sensibilidade à insulina e regula o metabolismo da glicose, prevenindo o desenvolvimento de diabetes.
6. Redução do risco de má oclusão oral
- O movimento de amamentação auxilia no desenvolvimento correto da musculatura facial e na formação da cavidade oral, prevenindo problemas como a má oclusão.
7. Economia para a família e saúde pública
- Além de ser o alimento ideal para o bebê, o leite materno também ajuda a economizar com serviços de saúde, já que bebês amamentados tendem a adoecer menos e a necessitar de menos internações.
Portugal quer punir mulheres que amamentarem por mais de 2 anos?
A ex-assessora da Ministra Maria do Rosário, Elsa Gomes, afirmou nas redes sociais que “mães que amamentam depois dos dois anos deveriam exigir intervenção da CPCJ – Comissão de Proteção de Crianças e Jovens”. Essa declaração gerou uma enorme repercussão entre milhares de mulheres em Portugal, especialmente nas redes sociais, como Instagram e YouTube.
As políticas atuais de Portugal não estabelecem um tempo máximo para a amamentação. Felizmente, temos políticas internacionais que influenciam as políticas nacionais. Embora alguns profissionais ainda sejam desatualizados e intervencionistas, as políticas atuais em Portugal favorecem a amamentação.
É alarmante que pessoas que deveriam conhecer as políticas públicas do país façam declarações contrárias a elas. A fala de Gomes é absurda, anticientífica e abusiva. Ela fere a liberdade das mulheres em uma das áreas mais sensíveis e importantes para muitas delas e prejudica o direito da criança de receber leite materno, rico em vitaminas e imunidade.
O leite nunca fica fraco
O leite materno nunca vira “água”. Mesmo que a composição se altere com o tempo, ele continua sendo um superalimento adaptado às necessidades de cada criança.
Estudos mostram que, aos 2 anos, o leite materno continua oferecendo nutrientes essenciais, como energia, proteínas, cálcio e vitaminas.
Orientações finais
Que a declaração “nenhuma mulher normal amamenta depois dos 2 anos” não tire um grande avanço conquistado mundialmente, em prol da saúde e da vida das mães e crianças. O impacto dessa fala é global, e declarações como essa não podem ser ignoradas. Em pleno Agosto Dourado, é fundamental que o incentivo à amamentação seja fortalecido, trazendo mais consciência para toda a população.
Amamentar é um ato de amor. Amar e ser amado deve ser um direito garantido.
FAQ sobre amamentação
1. Qual é o melhor momento para iniciar a amamentação?
O melhor momento é na “golden hour”, que ocorre na primeira hora após o parto, quando o bebê está mais ativo e disposto a aprender a se alimentar.
2. Até quando posso amamentar meu bebê?
Não há um prazo máximo para amamentar, mas o recomendado é que a amamentação seja feita, no mínimo, até os 2 anos.
3. Amamentar por mais de 2 anos pode prejudicar a saúde do bebê?
Não. Amamentar por mais de 2 anos tem benefícios comprovados, como o fortalecimento do vínculo mãe-filho e a prevenção de doenças.
4. A amamentação reduz o risco de doenças nas mães?
Sim, estudos mostram que a amamentação pode reduzir o risco de câncer de mama e diabetes nas mães.
5. O leite materno perde suas propriedades com o tempo?
Não. O leite materno continua sendo um superalimento, ajustando-se às necessidades do bebê, mesmo após os 2 anos.
Caroline Mevie
Atendeu milhares de úteros como Enfermeira Obstetra e Terapeuta em Ginecologia Natural. Acredita que para uma mulher ser realmente livre precisa conhecer sua saúde e acessar os recursos naturais.
Especialidades: Fitoterapia, Saude_integrativa
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