Quando a terapia é interrompida: os efeitos do desligamento abrupto no desenvolvimento infantil

O desligamento abrupto de terapias infantis compromete o cuidado e desorganiza o percurso terapêutico da criança. Entenda seus impactos.
Quando a terapia é interrompida: os efeitos do desligamento abrupto no desenvolvimento infantil
Foto: Canva

Quando uma terapia é interrompida sem aviso, a criança não perde apenas a continuidade do tratamento. Ela também perde a chance de compreender o que aconteceu, o que a afeta emocionalmente. A falta de comunicação entre a equipe terapêutica e a família piora a situação, criando lacunas que desorganizam o percurso terapêutico.

Pois esse desligamento repentino não apenas interrompe o cuidado, mas também desestabiliza a criança, prejudicando seu desenvolvimento e seu bem-estar.

Falta de comunicação: um impacto direto no tratamento

A interrupção abrupta de um tratamento, sem a devida comunicação, gera confusão. Quando a criança não é informada, ela perde a oportunidade de refletir sobre o que está acontecendo. A comunicação entre profissionais e família é essencial para garantir que a criança entenda as mudanças. Quando essa troca não ocorre, o tratamento fica fragmentado e a criança sente as lacunas no cuidado.

Muitas vezes, as famílias precisam ajustar a rotina de terapias devido a questões logísticas ou financeiras. No entanto, esses ajustes devem ser feitos de maneira organizada e comunicada. Mudanças abruptas, sem explicação ou preparo, deixam a criança sem respostas, o que afeta seu processo terapêutico. As mudanças devem ser uma oportunidade para refletir, discutir e planejar, com a criança sendo sempre o centro das decisões.

Encerramentos terapêuticos: a importância de concluir o ciclo

O fim de um tratamento não deve ser abrupto. O encerramento, quando feito de maneira cuidadosa, pode ser uma oportunidade de reforçar o vínculo e proporcionar à criança uma conclusão. Ao contrário de simplesmente interromper, um encerramento planejado contribui para que a criança compreenda o processo e o leve consigo de maneira positiva. Quando isso não acontece, a criança sente que algo ficou incompleto.

Quando um novo profissional assume o cuidado de uma criança sem consultar a equipe anterior, o tratamento se fragmenta. Cada terapeuta deve conhecer a história da criança para realizar intervenções eficazes. Sem essa troca de informações, os profissionais não podem oferecer um cuidado contínuo. A comunicação entre equipes é essencial para garantir a coerência do tratamento e o sucesso da terapia.

As consequências do silêncio nas mudanças terapêuticas

Frases como “ele estava fazendo fono, mas parou” ou “a gente mudou de terapeuta sem muita explicação” refletem o impacto das interrupções abruptas no tratamento. Essas falas revelam um cuidado fragmentado, onde a criança não tem espaço para compreender a mudança. Embora ela não possa verbalizar tudo, a criança sente as lacunas e manifesta isso no comportamento, no corpo e na linguagem.

Em suma, encerrar um tratamento com cuidado é tão importante quanto iniciá-lo. O profissional deve garantir que a criança e a família compreendam o motivo do desligamento e ofereçam uma transição suave. Isso inclui avaliar a necessidade de encaminhamentos futuros e garantir que a criança não se sinta abandonada. A responsabilidade compartilhada entre os profissionais é essencial para um cuidado contínuo e efetivo.

Faq sobre os efeitos do desligamento abrupto em terapias infantis

Qual o impacto de interromper uma terapia sem preparo?
Interromper um tratamento sem o devido preparo gera confusão, ansiedade e regresso no comportamento da criança. Sem uma conclusão, o progresso obtido até então fica comprometido.

A criança percebe quando é “tirada” de um tratamento?
Sim, a criança percebe mudanças na sua rotina e no seu vínculo com o terapeuta. Isso pode causar insegurança e alterações no comportamento.

Como os profissionais devem conduzir um desligamento?
Os profissionais devem manter o diálogo com a família e a criança, oferecendo uma despedida organizada e possibilitando, assim, que a criança compreenda o fim do tratamento.

E quando a família decide por conta própria?
O ideal é que o profissional dialogue com a família antes da decisão. Isso garante que a criança tenha o suporte necessário e que a transição ocorra da maneira mais tranquila possível.

O que fazer se um novo profissional ignora os anteriores?
Os profissionais devem sempre se comunicar entre si. A história da criança deve ser respeitada para que o cuidado seja contínuo e eficaz, sem interrupções ou lacunas.

Rita Paula Cardoso

Fonoaudióloga clínica da infância, especializada no desenvolvimento da linguagem. No blog Fala Expressa aborda temas relacionados ao desenvolvimento da fala, linguagem, inclusão e bilinguismo.

Especialidades: Fonoaudiologia

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